O ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que deixou o cargo após acusações de assédios sexual e moral por parte dos funcionários da instituição, tem artilharia pesada contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo o Blog do Vicente, no Correio Braziliense.

De acordo com Vicente Nunes, o Palácio do Planalto já foi avisado de que não precisa se preocupar com Guimarães, pois mesmo tendo muita munição pesada contra o presidente, não vai usá-la durante a campanha eleitoral, para não contribuir com opositores do governo, em especial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva, que lidera as pesquisas de intenção de votos na corrida pela Presidência da República.

Segundo o Blog, o ex-presidente da Caixa cumpriu várias determinações de Bolsonaro, muitas nada abonadoras. E por esse motivo, o chefe do Executivo sempre foi complacente com o subordinado, mesmo com os alertas de que ele estava passando dos limites na gestão do banco.

Um integrante do Planalto afirmou: “Pedrinho é bolsonarista raiz, não vai estragar ainda mais o jogo faltando menos de 100 dias para as eleições”. No entanto, sempre é bom desconfiar. “Recalques e a sensação de abandono sempre falam mais alto”, diz o jornalista.

Guimarães, um poço sem fundo

A cada dia surgem mais e mais denúncias de acosso e assédio feitos por Pedro Guimarães, o menino de ouro de Jair Messias. E não só acosso e assédio físicos, mas também morais.

Guimarães não agia sozinho. Contava com a cumplicidade de pelo menos um dos vice-presidentes da Caixa Econômica e de vários chefes e chefetes nomeados por ele.

Quanto mais esse caldeirão é mexido, mais podridão vem à tona. E essa podridão mostra que as ações desse cafajeste asqueroso eram de pleno conhecimento no prédio da Caixa, mas ninguém fez nada para impedir que continuassem acontecendo. Foi preciso que um grupo de valentes mulheres resolvessem denunciar formalmente Pedro Guimarães e sua laia.

E então ficamos sabendo que ele não estava estreando no ofício de assediador: havia vários antecedentes registrados pelo menos de 2004 para cá. Fica a pergunta pairando no ar: o brilhante Paulo Guedes, cuja inutilidade só é comparável à sua prepotência, não sabia disso que no mercado financeiro era mais que sabido?

Qualquer investigação prévia recomendada pelos órgãos de inteligência na hora de contratar alguém para posto de confiança no governo – e ainda mais com o peso de presidir a Caixa Econômica – indicaria os antecedentes de Pedro Guimarães.

De duas, uma: ou a tal investigação foi tremendamente mal feita, ou a dupla Jair Messias-Guedes resolveu passar por cima do que se sabia.

É bem verdade que vivemos numa sociedade machista, racista, desigual, abusadora da fragilidade alheia, profundamente ignorante e basicamente conservadora. Assediar e acossar mulheres é parte dos costumes mais nefastos, sempre existiu tanto no setor privado como no público.

Diante disso, qual a razão de tanto escândalo com o caso Guimarães? Em primeiro lugar, pela visibilidade concedida a ele por Jair Messias. Em segundo, pelo alto cargo que ocupava. Terceiro, porque não só ele, mas sua equipe de assessores mais próximos agia, em conjunto para sufocar as assediadas que resistiam. E quarto, porque o número de denúncias de acosso e assédios não só de caráter sexual, mas também moral, aumentou muito.

Essas denúncias se espalham por todos os ministérios, até no da Mulher, encabeçado por uma aberração ambulante chamada Damares Alves.

Se em 2019, primeiro ano de Jair Messias na presidência, foram 155 denúncias, em 2021 foram 251. E só no primeiro semestre deste fatídico 2022, esse número chegou a 214.

A atitude covarde – ou cúmplice – de Jair Messias, que se negou a expulsar o protegido do posto que ocupava e não abriu o bico para se solidarizar com as denunciantes, apenas reforça o que já se sabia: para ele, mulher é um ser humano feito para ser acossado, ofendido e desprezado.

Sabemos todos que as denúncias representam uma parte ínfima dos casos que realmente aconteceram. Mas ainda assim, e considerando-se as jornadas de trabalho, em 2022 foi uma denúncia por semana.

Sim, sim, são crimes – mais que ofensas – que sempre existiram. Mas não no nível e no grau do governo de um presidente que, além de desequilibrado, tosco e mentiroso, sempre se destacou pelo seu machismo, seu racismo, enfim, tudo aquilo que de pior pode existir num ser humano.

As investigações continuam, as denúncias também. Mais novidades surgirão. Quanto a Pedro Guimarães, abandonado por Jair Messias, por Paulo Guedes, por todo mundo, seu destino é seguir em alta velocidade até o fundo do poço de onde jamais deveria ter saído.

Ou, quem sabe, uma cela de cadeia. Onde conhecerá o que fazem os demais presos com quem age como ele agiu.