Por Geraldo Elísio (Repórter)

Ao fazer do jornalismo a principal razão do meu profissionalismo – pelo menos até agora – me transformei em arquivo vivo. Isto é bom? Claro! Viver é maravilhoso. Sinto-me brindado. Mas no bojo da vida os arquivos não são lineares. Lentas mudanças passadas – poucas décadas – hoje funcionam em estruturas de nuvem.

Há muito eu observo alterações significativas. Uma reversão de estruturas históricas. O imediatismo afoito ocupando o espaço do pensar futuro. Nem a realidade dos fatos apontando para o correto diagnóstico de empobrecimento acelerado. Principalmente com a perda da esperteza política dando lugar aos painéis econômicos.

Diga-se com a perda de quadros de substitutos. A falta do item gerou vazios nostálgicos, comprometedores. Para não retrocedermos muito e agilizar raciocínios; um JK, passando a faixa governamental a um Milton Campos, por sua vez a Israel Pinheiro com outro turno de um Rondon Pacheco literalmente é passado.

No ranking nacional a Minas de riquezas pujantes, de pit stop a pit stop perdendo posições e prestígio. Outros Estados brasileiros estão ganhando o proscênio. Minas Gerais dos sábios, transformada em celeiro onde poucos se abastecem em troca da pobreza de muitos. Com devaneios mentirosos iludindo mineiros passo a passo.

A prudência me recomenda reconhecer que ainda é muito cedo, em concorrentes de reta final, dois nomes disputando cruzar a linha de chegada. Zema, o Filho do Espanto com a Surpresa e Kalil, ambos sem terem como diziam os antigos, sargenteados antes de pretender chegar a postos mais avançados.

Em torno deles um vazio maior ainda, agravado pelo risco pandêmico que assusta o mundo, mesmo indiferente às corridas armamentistas que nos garantirão um fim irreversível, mesmo sendo a proliferação de armas um estúpido argumento de dissuasão. Porém o cineasta Stanley Kubrick já provou que o impossível pode se tornar viável.

Quem se interessar em saber mais do que digo vale procurar ver um grande filme chamado Doutor Fantástico, baseado em um relato verdadeiro da Royal Air Force. Entretanto no que diz respeito a Minas Gerais nem precisamos aguardar tão longe. A deterioração pode ocorrer em suaves desmontes de barragens de contenção das mineradoras. Lençóis freáticos poluídos.

E ao final o que nos restará quando só os inhos, melhor explicando, os filhinhos dos atuais detentores do Poder estiverem em seus plenos e podres poderes, se Caetano Veloso me licencia para resvalar de leve em uma de suas obras. E se acontecer tudo estará pronto para inclusive ocorrer uma mudança de hinário.

Pois na verdade o “Oh Minas Gerais / Quem te conhece não esquece jamais” poderá ser simplesmente trocado por “Oh Minas Gerais / Quem te conhece não volta jamais”. De qualquer forma continuando a música das letras uma melodia italiana.

A todas as pessoas citadas nesta matéria automaticamente é garantido o direito da resposta no espaço tamanho e corpo.