O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu neste domingo (25), durante entrevista , o ex-ministro Milton Ribeiro, investigado em operação da PF que apura indícios de corrupção no Ministério da Educação (MEC).

Na transmissão, Bolsonaro disse que não existem indícios mínimos de corrupção e que Ribeiro foi preso injustamente. “O objetivo é constranger, humilhar, dizer que o governo é corrupto, igual o do Lula”, disse.

O presidente também defendeu o trabalho de seus ministros. Afirmou que “dá liberdade” para montarem seus respectivos ministérios, mas alerta sobre uma vigilância diária da esquerda.

“Nenhum ministro meu errou, até porque temos mecanismos de filtros e ministérios que impedem a corrupção”, ressaltou. Para o pré-candidato à reeleição, “são narrativas que tentam a todo momento desgastar o governo”.
Aborto

Bolsonaro também falou sobre o aborto no Brasil. Comentou o caso da menina de 11 anos, que após ser estuprada, teve o procedimento negado pela juíza Joana Ribeiro Zimmer.

Depois da repercussão do caso, a criança conseguiu realizar o aborto para interromper a gestação, informou o Ministério Público Federal (MPF).

Segundo o presidente, “não há lei que possa dizer que esse aborto poderia ter sido legal”.“A condição como se encontrava a menina no sétimo mês de gravidez… não poderia falar em aborto. Em hipótese nenhuma”, disse.O chefe do Executivo federal, para defender o seu argumento, citou sua filha com a primeira-dama Michelle Bolsonaro, Laura, de 11 anos.“Peço a Deus que isso [estupro] não aconteça com ela, mas se acontecesse faremos o possível para ele [feto] nascer vivo”.

No Brasl, o abortamento é permitido em 3 contextos: em caso de risco à vida da mulher, quando a gravidez é resultante de violência sexual e se o feto for anencéfalo.

Críticas a Lula

Durante a entrevista, Bolsonaro também fez críticas a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu rival na corrida pelo Planalto em 2022.

O chefe do Executivo federal afirmou que Lula é “um professor de corrupção”. Disse ainda que o petista ajudou “a manter viva a impotencialidade de ditaduras, em especial na América do Sul”.

No sábado (25), o presidente chegou a declarar, em evento com evangélicos na Marcha para Jesus, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, que se o Brasil for para o lado da esquerda neste pleito, vai acabar como a Colômbia.

Caso Milton Ribeiro

A participação de Bolsonaro no canal ocorre dois dias após a divulgação de ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça Federal, nas quais Milton Ribeiro contou a uma de suas filhas que recebeu o alerta do presidente Bolsonaro de possível operação de busca e apreensão da PF.

Na manhã de quarta-feira (22), Ribeiro foi de fato preso pela PF em Santos (SP), mas foi solto na tarde de quinta-feira (23), junto aos pastores Moura e Santos, e outros suspeitos que foram presos.

Diante das interceptações, na sexta-feira (24), a Justiça Federal em Brasília atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) e devolveu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação.

No pedido, os procuradores apontaram “indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações”. No STF, a relatora será a ministra Cármen Lúcia.

 

 


Paola Tito