O declínio do consórcio aeroespacial norte-americano Boeing tem uma longa história, e os problemas da empresa não se limitam a problemas técnicos em aeronaves, contaram à Sputnik os principais analistas em questões do complexo militar-industrial dos EUA.

O CEO da Boeing, Dave Calhoun, afirmou anteriormente que deixará o cargo até o final de 2024 em meio a problemas e incidentes com os aviões da empresa. Além disso, vai renunciar Stan Deal – o chefe da divisão Boeing Commercial Airplanes (BCA), responsável pela produção de aeronaves civis. Além do mais, o presidente do conselho de administração Larry Kellner também anunciou sua intenção de renunciar.

De acordo com o analista aposentado do Pentágono e especialista em aquisições militares Chuck Spinney, os problemas da Boeing têm raízes muito mais profundas e não se limitam a qualquer modelo ou programa de aeronave em particular.

“O declínio da Boeing tem uma longa história e já está profundamente enraizado”, disse Spinney à Sputnik. “O Financial Times informou que o próximo CEO da Boeing será um engenheiro. Mas eu não ficaria surpreso se fosse tarde demais, já que a cultura de aperfeiçoamento industrial em atividades comerciais já pode ser completamente destruída.”

De acordo com o interlocutor, problemas com a qualidade da produção e corrupção na empresa foram amplamente discutidos ainda em 2011. “Pode-se supor que a fusão com a McDonnell Douglas em 1997 foi um ponto de virada no caminho da queda da Boeing para o inferno”, acrescentou o analista.

Outro especialista no complexo militar-industrial dos EUA, o historiador e comentarista Bruce de Torres concorda com a opinião de Spinney. Segundo ele, os problemas sistêmicos que quase levaram à dissolução do consórcio são generalizados entre outras empresas da indústria.

“A busca pelo lucro e as reduções de custos antecipadas pela Boeing são uma doença que afeta muitas dessas empresas e instituições, tanto nos EUA quanto em todo o mundo”, observou o comentarista.


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