A economia russa está sofrendo “sérios golpes”, reconheceu o Kremlin na quarta-feira, enquanto o crescente isolamento do país aumenta ainda mais a pressão sobre seu sistema financeiro cambaleante.

Apple, ExxonMobil, Ford, Boeing e Airbus se juntaram a uma lista de empresas que fecharam ou suspenderam suas operações na Rússia em resposta à invasão da Ucrânia, e o braço europeu do maior banco da Rússia entrou em colapso após uma corrida em seus depósitos. O rublo enfraqueceu novamente para ser negociado a US$ 112.

“A economia da Rússia está passando por sérios golpes”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em conversa com jornalistas estrangeiros. “Mas há uma certa margem de segurança, há potencial, há alguns planos, o trabalho está em andamento.”

Peskov estava respondendo a uma pergunta sobre a observação do presidente dos EUA, Joe Biden, em seu discurso sobre o Estado da União, de que a economia russa havia sido deixada “se recuperando” das sanções ocidentais.

O Sberbank (SBRCY), o maior credor da Rússia, disse nesta quarta-feira (2) que está deixando a Europa, com exceção da Suíça, depois que os reguladores bancários na Áustria forçaram o fechamento de sua subsidiária da UE com sede em Viena.

O Banco Central Europeu havia alertado no início desta semana que o Sberbank Europa provavelmente iria falir depois que os depositantes correram para retirar seu dinheiro após a imposição de sanções ocidentais ao credor e grande parte do sistema financeiro da Rússia.

O Sberbank disse que suas subsidiárias enfrentaram “uma saída excepcional de fundos e várias preocupações de segurança em relação a seus funcionários e escritórios”, disse o grupo em comunicado, acrescentando que foi impedido de socorrê-los por uma ordem do banco central russo.

As sanções bancárias fazem parte de um pacote mais amplo de medidas tomadas pelo Ocidente, sem precedentes em escala contra uma economia de importância da Rússia, com o objetivo de cortar o financiamento do esforço de guerra do presidente russo, Vladimir Putin.

A França estima que US$ 1 trilhão em ativos russos foram congelados, incluindo cerca de metade das reservas de guerra do governo russo.

Moscou respondeu com uma série de medidas de emergência destinadas a evitar o colapso financeiro, interromper o fluxo de dinheiro para fora do país e preservar suas reservas em moeda estrangeira.

O banco central mais que dobrou as taxas de juros para 20% e proibiu os corretores russos de vender títulos detidos por estrangeiros.

O mercado de ações russo foi fechado na segunda-feira e não reabriu desde então. O banco central disse que permaneceria fechado na quarta-feira.

O governo ordenou que os exportadores troquem 80% de suas receitas em moeda estrangeira por rublos e proibiu os residentes russos de fazer transferências bancárias para fora do país.

Na terça-feira, o governo disse que Putin estava trabalhando em um decreto que impediria que empresas estrangeiras saíssem de seus ativos russos – uma tentativa de evitar um êxodo que ganhou ritmo nesta semana. Putin também assinou um decreto proibindo as pessoas de receber mais de US$ 10.000 ou equivalente em moeda estrangeira do país, informaram as agências de notícias estatais TASS e RIA.

“As condições no sistema financeiro russo e na economia em geral provavelmente se deteriorarão ainda mais nos próximos dias e semanas, à medida que as sanções já anunciadas cobram seu preço e sanções futuras se somam ao choque negativo sustentado”, escreveu o economista sênior do Berenberg, Kallum Pickering, em uma nota de pesquisa.

“No futuro próximo, a Rússia permanecerá isolada do mundo ocidental e dos principais mercados globais.”

Fonte: CNN Brasil