A Ucrânia teme se transformar em uma espécie de “dano colateral” na escalada do conflito entre a República Islâmica do Irã e o Estado de Israel.

O governo ucraniano deu sinais de insatisfação com a forma diferenciada como vários países ocidentais se comportaram ao defender Israel, com envolvimento militar direto na derrubada de drones e mísseis iranianos, ao mesmo tempo em que vêm criando dificuldades para o envio de mais ajuda ao país do leste europeu.

Os ucranianos acreditam que podem ser “esquecidos” pelo ocidente se outra crise, com grande potencial explosivo, for ampliada no Oriente Médio. E isso num momento crucial e definitivo da guerra contra os russos.

As forças da Rússia estão claramente na ofensiva, tomando mais pedaços do território ucraniano, bombardeando incessantemente algumas das maiores cidades do país e destruindo sistematicamente a infraestrutura civil, especialmente estações de energia elétrica.

Aqui em Kiev, a capital do país, é palpável a preocupação dos líderes do governo com relação ao futuro da guerra. Eles não param de pedir mais ajuda financeira e militar, além de serem muito mais restritos a divulgar informações sobre o andamento do conflito na Europa.

Existe um ressentimento, em especial, com relação à demora do Congresso dos Estados Unidos em aprovar US$61 bilhões para o país em ajuda militar –promessa do presidente Joe Biden que continua estacionada por disputas políticas internas norte-americanas.

Logo depois do ataque iraniano, o presidente Volodymyr Zelensky lembrou que Israel contou com a ajuda direta de militares e aviões dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países, enquanto a Ucrânia enfrenta dificuldades para conseguir receber mais apoio financeiro e balístico para se defender dos ataques russos.

“O céu não é protegido pela retórica, a produção de mísseis e drones para o terror não é limitada pelo pensamento. E o fato de as sanções contra a Rússia ainda serem contornadas, e o fato de nós, na Ucrânia, esperarmos durante meses por um pacote de apoio vital, o fato de ainda estarmos à espera de uma votação no Congresso, mostra que a autoconfiança dos terroristas também vem crescendo há meses”, disse ele.

Nesta segunda-feira (15), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, também deu sinais da insatisfação ucraniana.

“Quando se trata da eficiência de repelir ataques de drones e mísseis contra Israel, gostaria de elogiar o esforço conjunto de Israel e dos seus aliados, que também são nossos aliados. E vemos isso quando os aliados agem como um só, de uma forma de forma muito coordenada, nem um único míssil atinge alvos em Israel. Nem um único. E tudo o que pedimos aos parceiros, mesmo que vocês não possam agir como agem em Israel, dê-nos o que precisamos e faremos o resto do trabalho”, disse ele, numa rede social.

Zelensky, Kuleba e a maior parte do povo ucraniano sabem que eles vão perder a guerra sem apoio ocidental.

E temem que um outro conflito no Oriente Médio, também urgente e explosivo, possa ser determinante para o que seria uma catastrófica vitória russa


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