Por Marcelo Gomes

Nesta quarta-feira (09/3), servidores da segurança pública foram às ruas de Belo Horizonte protestar contra o governador. Funcionários da educação estadual anunciaram greve por tempo indeterminado ontem. Professores da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) também anunciaram paralisação das atividades. Paralelo a isso, o governo de Minas e Assembleia Legislativa não chegam a um consenso para tirar do atoleiro econômico o estado, que está à beira da falência.

Os policiais e demais servidores da segurança pública estão insatisfeitos com Zema porque ele descumpriu um acordo firmado em 2020. Na época, o governador concordou em conceder aumento de 37% nos salários desses profissionais. Desde então, segundo a categoria, apenas 13% foram quitados.

Os profissionais da educação básica anunciaram nesta terça-feira (8/3) greve por tempo indeterminado. Eles alegam que Zema não paga o piso salarial. Na educação superior, os profissionais também anunciaram greve, cuja origem é o não pagamento de acordos salariais.

Não se trata de qualquer greve ou manifestações. Primeiramente, os protestos são de uma categoria politicamente forte e essencial à sociedade, a segurança pública. Desde o início deste mês, no Detram, por exemplo, a população reclama de demora nos atendimentos, que foram impactados pela interrupção do trabalho de parte dos servidores da segurança. Grande fração deles, por ser composta de militares, não pode cruzar os braços por impedimento constitucional.

Por sua vez, a greve da educação básica e superior traz um impacto grande à população. Além de ser um serviço essencial, há escolas estaduais ou unidades da UEMG em todo o estado. Funcionários da educação são os mais capilarizados em Minas.

Existe um componente político que perpassa as três movimentações políticas. É o Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O governador condiciona o cumprimento das reivindicações à adesão de Minas ao RRF.

Contudo, o RRF é uma ajuda financeira do governo federal vista por servidores como draconiana para Minas Gerais. Boa parte dos deputados compartilham dessa visão.

Eles não querem votar o RRF, que já foi encaminhado por Zema e está na Assembleia desde 2019. Inclusive, o presidente da casa, deputado Agostinho Patrus (PV), manifestou ser contrário à votação sem nenhuma discussão.

Desde o ano passado, Zema iniciou pressão sobre o parlamento para que aprecie logo seu regime. O governador solicitou urgência na tramitação da matéria. Assim, conforme determina o regimento interno e a constituição de Minas, o projeto se torna prioridade. Apesar disso, os parlamentares ignoram o RRF. Então, o chefe do Executivo processou a ALMG. O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme apurou o NovoJornal, mesmo com a pressão, deputados não votaram às pressas o projeto. Não há ânimo para isso neste momento. E os deputados querem abrir o diálogo.

Minas Gerais, que já enfrenta uma grave crise econômica, agora vive o início de uma crise política.


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