O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta sexta-feira (26) que vai recorrer da decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).
Na decisão de quinta-feira (25), Zanin determinou que a ação seja remetida ao plenário virtual do Supremo. A AGU havia pedido que fosse declarada inconstitucional a desoneração da folha salarial de setores da economia e de municípios aprovada pelo Congresso. O argumento principal era de que a decisão do Legislativo sobre renúncias de receitas deve ser precedida de avaliação prospectiva do respectivo impacto orçamentário e financeiro.
“É preciso analisar do ponto de vista técnico essa Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) da AGU, que se assenta em uma premissa: a de que a desoneração da folha de pagamento, tanto dos 17 setores quanto dos municípios não teria cumprido o artigo 113, que exige que proporções legislativas que criem despesas ou alterem despesas, ou que renuncie receitas, tenham a estimativa do impacto financeiro e orçamentário. Eu afirmo, como presidente do Senado, que essa premissa não é verdadeira”, declarou Pacheco.
“Esse requisito evocado pela AGU como descumprido para justificar o acolhimento de uma ADI não procede, está materializado no processo legislativo e nas demonstrações que faremos ao STF através de uma medida que tomaremos hoje, que é um recurso de agravo em relação à decisão do ministro Zanin, justamente para demonstrar a realidade do que se apresenta”, acrescentou.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, respondeu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nesta sexta-feira (26), sobre a posição do governo federal contra a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos – pedido que foi acatado pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Messias, foram apresentados “argumentos técnicos jurídicos pela inconstitucionalidade” da prorrogação. Ele disse ter “profundo respeito” e “admiração pessoal” pelo presidente do Senado.
Veja a nota do AGU na íntegra:
Tenho profundo respeito pelo Presidente Rodrigo Pacheco, que tem minha admiração pessoal.
Do ponto de vista da atuação institucional da AGU, faz-se necessário pontuar que apresentamos argumentos técnicos jurídicos pela inconstitucionalidade da chamada legislação que prorrogou e/ou criou desoneração para 17 setores e para os cerca de 5 mil municípios (arts. 1o, 2o, 4o e 5o da Lei n. 14.784, de 27 de dezembro de 2023).
Nossa posição foi, em caráter liminar, acolhida pelo ministro Zanin. Muito importante destacar que na decisão, o ministro relator, ressaltou a importância do diálogo institucional, posição que tem nosso total apoio.
A atuação da AGU, portanto, em assistência ao Presidente da República, sempre se pautará pelo mais elevado respeito institucional aos Poderes da República e seguirá no bom rumo da construção da harmonia entre os poderes.
Ministro Jorge Messias
Advogado-Geral da União’