Por Geraldo Elísio (Repórter)

Sou brasileiro, de estatura mediana, já assisti muitos golpes de estado. Porém nunca presenciei esta avalanche de ameaça de golpes a que estamos assistindo nos tempos presentes. Os tempos passam e me parece os militares brasileiros – a exemplo de portadores de um estigma – com raras exceções parecem cronificados.

Inconscientemente eles parecem ter nascido com uma maldição antidemocrática tatuada em suas almas, sei lá quem a lhes dizer “Não se preocupe. No mínimo herói de fancaria você será. Com direito a em seu peito serem postadas até mesmo medalhas de caco de cuia dourada com sabão amarelo”.

– E o melhor, com o direito válido para todos os postos disponíveis nas escalas hierárquicas.

Isto deve ser bastante estimulante e convidativo. Caso contrário tal síndrome não viceja em tantas unidades militares como soe acontecer. Acredito que até mesmo um conscrito possa se julgar um predestinado a ocupar um lugar como este, podendo deliberar e julgar ser exatamente a figuração da realidade no momento atual.

Afinal um dos argumentos exibidos à frente de Jair Messias foi:

– Nós só temos você – dito por um general de quatro estrelas.

Sendo assim torna-se mais fácil onirismos, mesmo a beirar loucuras. É normal em se tratando desta terra descoberta por Cabral, embora sumérios e vikings tenham chegado primeiro por aqui. Não me atormente com isto, preferindo pensar em outras situações mais amplas.

Primeiro reconheço – à exceção de história – nunca fui melhor aluno a ter passado pelo Ginásio Padre Curvelo, na então pequena cidade onde tive a honra e o privilégio de ter nascido, ampliando com a minha diminuta presença o povoamento do Grande Sertão – Veredas – cantado ao mundo por João Guimarães Rosa.

Dito isto, me sinto à vontade para dizer que gostava da lógica ensinada pelo padre-poeta doutor Celso de Carvalho.

A Lógica estuda o Silogismo ou argumento”. Este possui formas próprias capazes de evidenciar que uma conclusão é derivada daquilo que fora estabelecido nas premissas ou proposições dadas anteriormente. Há duas formas de se proceder quando se pretende formar uma argumentação, são elas:

O silogismo ou argumento dedutivo é aquele que procede de proposições cada vez mais universais para proposições particulares, proporcionando o que chamamos de demonstração, pois que sua inferência (a conclusão é extraída das premissas) é a inclusão de um termo menos extenso em outro de maior extensão. Os seguintes exemplos podem elucidar melhor:

“Todo homem é mortal”.

“João é homem”.

“Logo João é mortal”.

Pode parecer por demais simples, porém constando uma verdade que ninguém pode desmentir. Os governantes – homens e mulheres – são isso mesmo, homens e mulheres e sendo mortais, apesar das pompas e circunstância um dia irão morrer. E sendo assim, carros-fortes podem até acompanhá-los até a última morada. Mas tudo o que lhes pertenceu ficará para trás.

Abaixo de sete palmos de terra quem ficará estará em processo de retornar ao pó, e por mais “pitiático” que possa ter sido em vida não adiantará reclamar com os vermes que certamente irão lhe devorar e mais, reclamar das chamas a induzir de maneira mais rápida às cinzas.

Não tenho notícias da existência de ninguém a ter voltado para contar outra história, o consolo sendo buscado em deidades religiosas e o passar do tempo. O que deveria os mortais pensar mais um pouco sobre o futuro de todos nós. Mas a consciência de cada um é exclusividade de cada um.