Em Minas Gerais, a vacinação contra a poliomielite está abaixo da meta do Ministério da Saúde, que é de imunizar 95% do público elegível. Em 2021, o Estado vacinou 73,7% de menores de 1 ano, 66,38% de crianças de 15 meses e 59,67% na faixa etária de 4 anos, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Desde 1985, o Estado não tem infectados pela doença, que não tem cura, deixa sequelas e pode matar. No país, o caso registrado mais recentemente foi em 1989, na Paraíba. E é justamente o longo período sem registro uma das hipóteses levantadas pela coordenadora estadual do Programa de Imunizações da SES, Josianne Dias Gusmão, para a baixa adesão.

“Há a falsa impressão de que a doença não pode voltar. Só que precisamos vacinar, pois, se não temos casos atualmente, é por conta do sucesso da vacinação. A poliomielite é uma doença grave e causa paralisia infantil. Se não tivermos alta cobertura vacinal, há risco de reintrodução do vírus”, disse.

Desde 2015, quando foram vacinadas 98% das crianças com menos de 1 ano, tem sido observada diminuição no índice de imunizados. Segundo Josianne, a pandemia também pode explicar a queda de adesão: “As pessoas ficaram em casa, e muitas deixaram de ir até à unidade de saúde”. A imunização é gratuita, e a recomendação é que pais ou responsáveis levem o cartão de vacinação da criança.

A coordenadora da SES alertou: “Se chegar ao país uma pessoa (infectada), quem vai adoecer é quem não estiver protegido”. O contador Marcus Vinícius de Barros Silva, 53, que não tomou a vacina e foi diagnosticado com a doença aos 6 meses, reforçou o pedido de Josianne.

“A geração mais nova não vê relatos de polio, mas é necessário dar continuidade na vacinação. A poliomielite deixa marcas para a vida toda. Eu sou a prova viva”, afirmou.

Campanhas contra vacinas são “um desfavor”

A vacinação contra a poliomielite está abaixo da meta devido a campanhas contra as vacinas feitas no Brasil, segundo o infectologista Leandro Curi. “Parte das autoridades, de modo irresponsável, pouco técnico e pouco preocupado com a saúde do público, tem espalhado medo sobre a vacinação. Isso é um desfavor”, afirmou.

O médico destacou que as vacinas mudaram a configuração da saúde pública mundial e alertou: “as campanhas com Zé Gotinha surgiram por causa dessa doença, e precisamos dar sequência na imunização. Vacinar não é só um gesto social, mas de amor dos pais para com os filhos. Atrasar e não vacinar é comprometer a saúde da criança e da população como um todo”.

Fonte: SES-MG