A Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou 1.136 violações dos direitos humanos com motivação racial contra pretos e pardos nos últimos 12 meses.

O levantamento da CNN, feito com dados públicos do governo federal, mostra ainda que o estado do Rio de Janeiro foi um dos que mais teve registros no ano passado e é o local com mais denúncias neste ano. Foram 9 violações registradas no estado em janeiro.

O cenário é o pior possível para o começo de 2022. O racismo no Rio se apresentou em ofensa no futebol, espancamento, mortes e prisão injusta.

“O volume com o qual a violência racial tem sido registrada nos últimos anos, cada vez mais, deveria ser um elemento capaz de paralisar o país. O país precisaria dizer: não é possível continuar vivendo nessa sociedade tendo dentro do nosso cotidiano formas tão brutais, tão perversas, tão obscenas de violências contra pessoas negras”, defende o professor de direito do IDP, Felipe Freitas.

Só no dia 6 de fevereiro, um domingo, foram duas violações explícitas. Dois registros de racismo em lugares diferentes da zona norte da capital fluminense.

Enquanto o atacante do Flamengo, Gabriel Barbosa, o Gabigol, era chamado de ‘macaco’ no intervalo da partida contra o Fluminense, Yago Corrêa de Souza, era preso dentro de uma farmácia pela PM do Rio. Dois dias depois, o delegado reconheceu o erro e soltou Yago. Ele fora preso por engano.

Dias antes, em 24 de janeiro, a morte de Moise Kabagambe chocava o país. O congolês foi espancado, amarrado e assassinado em um quiosque da Barra da Tijuca. O local seguiu funcionando com ele morto no chão. Já no dia 2 de fevereiro, o repositor de supermercado Durval Teófilo Filho foi morto a tiros por um vizinho que alegou que confundiu o homem negro com um bandido.

Nos casos de Gabigol, Moise e Yago, pessoas brancas assistiram à cena sem intervir. “As torturas, os espancamentos, as mortes de pessoas negras não são capazes de produzir no conjunto de tecido social a sensibilidade, a mobilização ou mesmo a intervenção”, sustenta o professor.

Fonte: CNN Brasil


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