Acusado de envolvimento nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, não vai fazer delação premiada, segundo os advogados.
O Maxwell nunca cogitou fazer delação premiada, devido ao fato de não ter envolvimento com o crime nem saber de nada que possa ajudar nas investigações. A prisão no último dia 25 pegou ele e sua família de surpresa.
O que aconteceu
Preso na semana passada, Suel foi transferido para Penitenciária Federal de Brasília, onde cumpre prisão preventiva. O Ministério Público acusa o ex-bombeiro de ter participado dos assassinatos de Marielle e Anderson, com base na delação do ex-policial militar Élcio de Queiroz. Segundo o ex-PM, Suel monitorou a vereadora antes da execução.
O ex-bombeiro nega envolvimento no caso — tanto nos preparativos para crimes, quanto em uma tentativa anterior de emboscada contra a vereadora e nas providências tomadas após as execuções para destruição de provas, conforme relatou Élcio.
Élcio de Queiroz disse à PF que ele e Ronnie Lessa encontraram Suel em um bar na mesma noite em que Marielle e Anderson foram assassinados e que o ex-bombeiro disse a frase “eu sabia que eram vocês” ao ver a dupla no local — supostamente indicando que sabia do envolvimento de ambos no crime. Pessoas próximas a Suel dizem que a conversa não aconteceu e que ele foi embora antes do fim da noitada, pois sua esposa havia sido operada recentemente.
Em depoimentos durante as investigações, Élcio e Lessa negaram ter visto Suel em bar na noite dos crimes. Élcio afirmou não saber “se ele estava no Resenha” no dia dos assassinatos — versão que mudou na delação feita à PF. Já Lessa relatou não ter avistado o ex-bombeiro no bar.
Maxwell diz que não estava no carro usado no crime com Lessa e Élcio quando a placa foi picotada e também nega envolvimento no desmonte do Cobalt. Amigos do ex-bombeiro afirmam que sua relação com Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, outro envolvido no caso, era restrita a questões ligadas a peças e venda de carros. Também afirmam que ele não tinha intimidade com Élcio e sua família.
Investigação, acusação e expulsão
Antes de ser preso na semana passada, Maxwell já respondia por obstrução de provas no caso Marielle. Desde 2020, ele é acusado de ter cedido o carro usado para esconder as armas usadas no crime antes delas serem jogadas em alto-mar. Os advogados de Suel negam que ele tenha participado desses fatos, que lhe renderam uma prisão preventiva em maio de 2022.