Marco Aurélio Carone

O PSDB, um dos principais partidos do Brasil desde a redemocratização, enfrentou mais um capítulo de sua queda nas eleições deste domingo (6). Após ter sido um dos partidos mais influentes no cenário político, o PSDB viu sua trajetória se desmoronar, especialmente em grandes cidades. Junto com o MDB, o partido contava com o maior número de prefeitos eleitos em 2020, com 17 vitórias cada. No entanto, agora os tucanos só conseguiram eleger dois prefeitos nas 103 maiores cidades do Brasil, em Santo André (SP) e Caruaru (PE).

Além disso, apenas cinco candidatos do PSDB irão ao segundo turno, dois deles no Rio Grande do Sul, onde o governador Eduardo Leite é a principal figura do partido. As outras três cidades com candidatos tucanos no segundo turno são Ponta Grossa (PR) e Piracicaba (SP). A realidade é ainda mais sombria quando se observa a perda drástica de prefeituras. Das 17 grandes prefeituras conquistadas em 2020, o PSDB apenas manteve dez até o presente momento.

O simbolismo do fracasso do partido se torna mais evidente em São Paulo, onde o PSDB havia triunfado nas últimas duas eleições com João Doria em 2016 e Bruno Covas em 2020. Este ano, o deputado federal Aécio Neves (MG), que carrega o estigma de corrupção, e Marconi Perillo, presidente do partido, impuseram a candidatura de José Luiz Datena, um ex-apresentador que já trocou de partido várias vezes e que não tinha um histórico sólido de comprometimento com a política. Essa decisão provocou uma debandada de candidatos a vereador, resultando na ausência do PSDB na Câmara Municipal de São Paulo pela primeira vez desde 2008.

Datena, que conquistou apenas 112.344 votos, ou 1,84% do total, classificou sua performance como “péssima”. O partido, que elegeu oito vereadores em 2020, agora se encontra sem nenhum representante na Câmara de São Paulo. A decisão da Executiva municipal de não apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em favor de um nome próprio acabou se mostrando desastrosa.

A situação do PSDB é preocupante. Marconi Perillo afirmou que o partido está tentando recomeçar, enfrentando dificuldades financeiras e uma bancada reduzida. No entanto, a realidade é que o PSDB já havia registrado em 2022 o pior resultado de sua história, sendo expulso do grupo dos grandes partidos. Desde então, a sigla não lançou um candidato à Presidência pela primeira vez e se uniu a MDB e Cidadania para apoiar a candidatura de Simone Tebet.

Nos últimos anos, muitos fatores contribuíram para a derrocada do PSDB. O principal deles é a ascensão do bolsonarismo, que tomou parte significativa do eleitorado tucano, um fenômeno inicialmente estimulado pelo próprio partido. Além disso, as disputas internas, que culminaram na saída de diversos políticos, afetaram a estrutura do partido.

As divisões internas ficaram evidentes durante as eleições de 2022, onde um grupo liderado por João Doria insistia na necessidade de um candidato próprio, enquanto Eduardo Leite decidiu se concentrar na reeleição no Rio Grande do Sul. Essa falta de unidade e a imposição de lideranças que trazem consigo o estigma de corrupção, como Aécio Neves, são fatores que fragilizaram o PSDB e o afastaram de suas bases eleitorais. Assim, o partido se vê em um momento crítico, com um futuro incerto e sem uma clara estratégia para recuperar sua influência nas principais cidades do país.