A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) concedeu à Cedro Participações autorização para construir um novo ramal ferroviário na região metropolitana de Belo Horizonte, um projeto com grande potencial para desafogar a BR-381, que atualmente suporta um intenso tráfego de caminhões de minério de ferro. Esta nova ferrovia visa diminuir o fluxo de veículos pesados em um trecho conhecido pelo alto índice de acidentes, especialmente na área de Serra Azul, que registra aproximadamente 400 mortes nos últimos três anos. O projeto se apresenta como uma alternativa logística segura e ambientalmente favorável, com expectativa de reduzir drasticamente o número de caminhões na estrada.
O novo ramal ferroviário, denominado Ramal Ferroviário Serra Azul, possui uma extensão planejada de 26 quilômetros e ligará as cidades de Mateus Leme e São Joaquim de Bicas à linha ferroviária principal da Malha Regional Sudeste. Essa linha é o corredor ferroviário que conecta Minas Gerais ao Rio de Janeiro, permitindo o escoamento da produção de minério de ferro para exportação. De acordo com a Cedro Participações, a ferrovia tem capacidade para retirar até 5 mil caminhões de minério de ferro das rodovias diariamente, o que representa um enorme impacto na redução de tráfego pesado na BR-381.
A ferrovia funcionará como um “shortline” (linha curta), dedicada ao transporte de minério entre o ponto de extração e a linha principal. O ramal tem previsão de transportar 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, utilizando cinco trens compostos por até 132 vagões cada. Com uma capacidade de transporte de 130 toneladas por vagão, cada trem retirará das estradas o equivalente a 570 caminhões carregados de minério de ferro. Essa substituição de caminhões por trens reduz o desgaste das rodovias, o risco de acidentes e contribui para uma operação logística mais eficiente e sustentável.
A construção dessa ferrovia promete um alívio significativo para a BR-381, uma das rodovias mais movimentadas e perigosas de Minas Gerais, particularmente no trecho de Serra Azul. Atualmente, a presença de milhares de caminhões de minério de ferro sobrecarrega a rodovia, aumentando o risco de acidentes e congestionamentos, além de contribuir para o desgaste acelerado da infraestrutura viária. Com a entrada em operação do Ramal Ferroviário Serra Azul, o fluxo de caminhões na BR-381 poderá ser reduzido, trazendo um alívio para motoristas e ajudando a preservar vidas.
Eduardo Couto, vice-presidente Jurídico e Institucional do Grupo Cedro Participações, enfatiza que o ramal ferroviário trará benefícios imediatos à segurança rodoviária. “A construção do novo ramal, com capacidade para retirar até 5 mil caminhões por dia das estradas mineiras, representa um avanço em segurança. Esse investimento, estimado em R$ 1,5 bilhão, vai reduzir o trânsito pesado na BR-381 e diminuir a ocorrência de acidentes em um dos trechos mais perigosos que liga Minas Gerais a São Paulo”, explica Couto. Ele também destaca que o projeto beneficiará o meio ambiente, com uma redução significativa de emissões de carbono.
Além dos benefícios logísticos e de segurança, o novo ramal ferroviário deve ter um impacto ambiental positivo. Segundo estimativas da Cedro Participações, a substituição de milhares de caminhões por transporte ferroviário poderá reduzir em 40 milhões de toneladas anuais a emissão de dióxido de carbono na atmosfera. Esse valor expressivo de redução de emissões contribui para os esforços de mitigação das mudanças climáticas e está alinhado com as metas globais de sustentabilidade e redução de poluentes.
Embora a ANTT tenha autorizado a construção do ramal ferroviário, o projeto enfrenta resistência. A MRS Logística, concessionária responsável pela Malha Regional Sudeste, contestou o pedido de outorga da Cedro Participações junto à ANTT, argumentando a necessidade de mais prazo para decidir sobre o exercício do direito de preferência no novo ramal. No entanto, a ANTT rejeitou a justificativa apresentada pela MRS, defendendo que a legislação atual tem como objetivo fomentar o desenvolvimento da infraestrutura ferroviária no país e evitar qualquer tipo de atraso em investimentos essenciais.
O diretor da ANTT, Felipe Fernandes Queiros, reforçou esse entendimento durante a reunião que aprovou a decisão, afirmando que “o espírito da lei sempre foi fomentar a infraestrutura ferroviária e, de maneira alguma, provocar qualquer letargia em um país que já tarda em investir em ferrovias”. No entanto, a MRS obteve uma liminar no Tribunal Regional Federal (TRF) que suspendeu temporariamente a decisão da ANTT. A Cedro Participações, no entanto, afirma que a decisão judicial foi proferida após o término da reunião da diretoria colegiada da ANTT e, portanto, não tem efeitos práticos sobre o andamento do projeto. A empresa também destacou que a autorização para o ramal foi publicada no Diário Oficial da União, sinalizando que o projeto está autorizado a prosseguir.
Além de melhorar a logística e reduzir o impacto ambiental, o projeto representa um avanço econômico para a região. Com um investimento estimado em R$ 1,5 bilhão, a construção do ramal ferroviário promete gerar milhares de empregos diretos e indiretos, fortalecendo a economia local. O impacto na cadeia produtiva do minério de ferro também será positivo, com a redução de custos de transporte e a melhora da eficiência logística, o que pode tornar o setor mais competitivo no mercado internacional.
Foto: Cedro