A Arábia Saudita condenou nesta quarta-feira (7) o assassinato, na semana passada, do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, e o qualificou de uma “violação flagrante” da soberania do Irã, em seu primeiro comentário sobre o ataque.

É uma violação flagrante da soberania, da integridade territorial e da segurança nacional da República Islâmica do Irã (…) e constitui uma ameaça para a paz e a segurança regionais”, afirmou o vice-chanceler saudita em uma reunião da Organização de Cooperação Islâmica (OCI), segundo um comunicado.

Haniyeh vivia em Doha, no Catar, onde atuava como o principal articulador do Hamas nas negociações por um cessar-fogo na guerra em Gaza.

Ele estava na capital iraniana para acompanhar a posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian, quando foi morto por um explosivo plantado no local onde estava hospedado um dia depois da cerimônia.

Embora Israel não tenha assumido a autoria do ataque, o seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, celebrou os “golpes devastadores” desferidos contra importantes lideranças de grupos ligados ao Irã no Oriente Médio como o Hamas, entre eles o número 2 do Hezbollah, Fuad Shukr, morto em um bombardeio israelense no subúrbio de Beirute, no Líbano.

A troca de hostilidades na última semana aumentou os temores de uma escalada da guerra — limitada até o momento ao enclave palestino e a bombardeios controlados na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde atua o Hezbollah — para um conflito regional.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, prometeu nesta quarta-feira uma resposta durante uma conversa com seu homólogo francês, Emmanuel Macron.

Em meio à tensão, diversos atores internacionais estão tentando evitar a expansão do conflito. Na segunda, Sergei Shoigu, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, viajou para Teerã.

Laços recentes

Inimigos históricos, a Arábia Saudita retomou os laços diplomáticos com o Irã meses antes da guerra em Gaza, em março de 2023, por intermédio da China.

No entanto, a relação ainda é considerada distante, e os sauditas assumiram uma postura de maior neutralidade diante do conflito na região, apesar da defesa da criação de um Estado palestino.

Nesta semana, o governo saudita disse que não permitiria que mísseis iranianos cruzassem seu espaço aéreo diante das ameaças de um contra-ataque. Em abril, a Arábia Saudita também fechou seu espaço aéreo durante o ataque do Irã a Israel em resposta ao bombardeio de uma Embaixada iraniana na Síria, impedido também aeronaves americanas e israelenses de interceptarem mísseis e drones iranianos do seu território.

Relações diplomáticas

Antes do ataque terrorista de 7 de outubro, havia uma iniciativa por parte dos Estados Unidos de mediar uma aproximação entre Arábia Saudita e Israel, dois aliados importantes na sua política externa, mas sem relações entre si — num movimento semelhante ao feito pelo ex-presidente americano Donald Trump com os Acordos de Abraão, que promoveu a normalização das relações entre o Estado judeu e os Emirados Árabes e o Bahrein.

No entanto, a Arábia Saudita já deixou claro mais de uma vez que não terá relações diplomáticas com Israel sem o estabelecimento de um Estado palestino independente.

“O Reino comunicou a sua posição firme à administração dos EUA de que não haverá relações diplomáticas com Israel a menos que um Estado palestino independente seja reconhecido nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital”, afirmou Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita em uma nota publicada em fevereiro.


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