Antes do segundo turno das eleições em Belo Horizonte, o deputado estadual Bruno Engler (PL) já se movimentava nos bastidores para dificultar o possível segundo mandato de Fuad Noman (PSD). Mesmo com a vitória de Noman no último dia 27, o cenário de governabilidade de seu segundo mandato foi influenciado por articulações de Engler.

Entre o primeiro e o segundo turnos, Engler reuniu-se com o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), aliado próximo do governador Romeu Zema (Novo). Aro lidera o grupo político conhecido como “Família Aro”, que conta com sete vereadores na Câmara Municipal. O encontro resultou em uma aliança entre o PL, partido com a maior bancada da Câmara (seis vereadores), e outros grupos de oposição a Noman. O partido de Zema, o Novo, com três vereadores, também sinalizou apoio a esse bloco oposicionista.

Com essa aliança, Fuad Noman enfrentará resistência de, no mínimo, 16 dos 41 vereadores de Belo Horizonte. Esse número, que já indicava dificuldades, tornou-se um desafio ainda maior logo após o resultado eleitoral, quando a maioria da Câmara Municipal declarou apoio a Juliano Lopes (Podemos) para a presidência da Casa. Lopes, reeleito para o quinto mandato, já é tratado como próximo presidente, com forte apoio de Aro, e sua eleição representará uma derrota política para Noman.

Durante uma coletiva de imprensa na quarta-feira, Noman evitou comentar sobre o assunto. Em encontro com 36 dos 41 vereadores eleitos, o prefeito afirmou que não pretende interferir na disputa pela presidência da Câmara. “Se ele (Bruno Miranda, aliado do prefeito) quiser se lançar, se os vereadores quiserem lançá-lo, se a esquerda quiser lançar mais um candidato, problema deles. A prefeitura não vai colocar a digital na eleição da Câmara”, declarou Fuad, tentando se afastar da disputa.

Apesar do discurso público de neutralidade, os bastidores indicam preocupação com o cenário político do próximo mandato. No primeiro mandato, Noman já enfrentou dificuldades com o Legislativo, especialmente com Gabriel Azevedo (MDB), presidente da Câmara e um opositor ferrenho que chegou a concorrer contra ele nas eleições, ficando em quarto lugar.

Em uma tentativa de garantir apoio, no ano passado Fuad cedeu quatro secretarias ao grupo de Aro: Governo, Desenvolvimento Econômico, Educação e Meio Ambiente. A manobra visava melhorar a relação com o Legislativo e facilitar a governabilidade, mas, diante da nova conjuntura, há quem defenda que o prefeito deverá conceder mais cargos para manter o apoio necessário.

Além disso, os doze partidos que apoiaram Noman durante a campanha eleitoral também esperam recompensas pela aliança, aumentando a pressão sobre o prefeito para conciliar interesses. Com a “Família Aro” consolidando influência e uma bancada oposicionista ampliada, Noman enfrentará desafios significativos para aprovar suas propostas no segundo mandato e pode precisar de uma nova rodada de negociações e concessões para garantir um mínimo de governabilidade na Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Foto: Daniel Protzner

 


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