O ministro interino do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Ricardo Cappelli, diz que há “claras digitais” de Jair Bolsonaro (PL) nos acampamentos golpistas e na invasão do 8 de janeiro. Ele foi entrevistado por Fabíola Cidral, Josias de Souza e Leonardo Sakamoto hoje no UOL Entrevista.

Conspiração não passa recibo. Tudo o que foi feito ao longo dos quatro anos colaborou para o que aconteceu no dia 8, principalmente depois da eleição do presidente Lula. No dia seguinte, começaram as montagens dos acampamentos em frente aos quartéis. Isso não tem precedente na história do Brasil.

Cappelli afirmou que os acampamentos bolsonaristas eram “minicidades” e que dificilmente aconteceriam sem a conivência de Bolsonaro, então presidente.

Bolsonaro tem muito a explicar ao país porque até o dia 31 de dezembro ele era o comandante em chefe das Forças Armadas. Jamais poderia ter permitido que acampamentos se tornassem centros de planejamento de tentativas de golpe contra a democracia.

Ele acrescentou que não é coincidência que Bolsonaro estivesse nos EUA e que Anderson Torres (então chefe de Segurança do DF) tenha viajado dois dias antes dos atos golpistas sem deixar nenhum comando.

Cappelli: GSI vai acelerar trocas, mas Lula não orientou desmilitarização

Cappelli também afirmou que vai acelerar o processo de renovação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) após pedido do presidente Lula (PT).

Com o cenário de polarização política que vivemos, com a presença de extremistas, as trocas se tornam ainda mais importantes. Recebi do presidente Lula a determinação de acelerar essas renovações. É o que farei a partir de amanhã.

Cappelli acrescentou que não há orientação do presidente Lula para desmilitarizar o GSI. “Não é razoável trocar todos os servidores do GSI, mas seremos rigorosos. Cerca de 35% do corpo de servidores já foi trocado”.

Acho que é importante que a gente não alimente um falso antagonismo entre civis e militares. A segurança do presidente sempre foi liderada por militares, em perfeita harmonia com civis e participação da Polícia Federal. Não há nenhuma orientação do presidente Lula no sentido de desmilitarização do GSI.

Cappelli também comentou sobre a ação de vândalos que invadiram o Palácio do Planalto em 8 de janeiro. Novas imagens foram divulgadas no fim de semana.

Foi quase um milagre a gente ter ultrapassado o dia 8 sem que o pior acontecesse, sem que nós tivéssemos um cadáver. Essa poderia ser a consequência de um enfrentamento mais grave.

Tenho relatos de uma PM, a soldado Marcela do Distrito Federal, que teve seu capacete rachado ao meio por golpes de barra de ferro e quando seria assassinada ou finalizada, na linguagem que a PM usa, ela foi salva por um sargento que bravamente se jogou em cima deles.


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