Para responder a falas do presidente brasileiro, Pequim utilizou dados do Instituto Butantan analisados na cidade de Serrana, no estado de São Paulo, que apontaram diminuição significativa de 80% nos casos sintomáticos de coronavírus após aplicação da CoronaVac no município.

Em sua entrevista ao podcast Flow na segunda-feira (8) o presidente, Jair Bolsonaro, voltou a criticar a vacinação contra a COVID-19 e reafirmou que não se vacinou e não se vacinará.

O chefe do Executivo admitiu ter recebido orientações da equipe de campanha para evitar o assunto, pois poderia perder eleitores, mas disse não se importar e que prefere o que diz ser, segundo ele, “a verdade”.

Diante dos comentários do presidente, o jornal O Globo, durante a conferência de imprensa regular do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, disse que o presidente do Brasil questionou a eficácia das vacinas chinesas anti-COVID e se o porta-voz poderia comentar sobre o assunto.

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que a eficácia das vacinas chinesas e a eficácia das medidas anti-COVID da China, conforme testemunhado pela comunidade internacional, está fora de dúvida”, respondeu Wang.

Ao mesmo tempo, o diplomata lembrou que “China e Brasil mantêm uma sólida cooperação no combate à pandemia. As vacinas chinesas têm desempenhado um papel positivo na resposta dos brasileiros à COVID-19, que tem sido elogiada e bem-vinda por todos os setores no Brasil”.

Em fevereiro de 2021, um ensaio em larga escala foi realizado pelo Instituto Butantan na cidade brasileira de Serrana [SP] usando vacinas fabricadas pela Sinovac. Depois que os moradores da cidade receberam duas doses, os dados indicaram uma diminuição significativa de 80% nos casos sintomáticos, 95% nos óbitos e 86% nas internações. O Instituto Butantan disse que as vacinas do Sinovac continuam seguras e eficazes em inoculação em larga escala no Brasil, continuam eficazes apesar da alta mobilidade e proporcionam proteção para toda a população”, complementou o porta-voz.

De acordo com a mídia, a resposta mostra uma “reação contida” de Pequim, que de forma oficial, jamais respondeu frontalmente aos ataques de Bolsonaro, diferente da sua relação com outros países como os Estados Unidos, ao qual responde de forma franca.

Ainda segundo o jornal, entre diplomatas e especialistas chineses envolvidos com o Brasil, há grande interesse na eleição presidencial de outubro. A expectativa é que uma mudança no governo permita um recomeço nas relações. Até lá, deve prevalecer a “paciência estratégica” chinesa em relação a Bolsonaro e sua postura anti-China.


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