Por Geraldo Elísio (Repórter)

Gosto muito de uma música cantada pela Maria Bethânia chamada Maldição. Obviamente como todas as pessoas de juízo não têm admiração por tragédias eu também não desejo mal para ninguém e igualmente assim penso. Contudo a letra da melodia me faz pensar na grande aventura humana e na tragédia da qual ela se reveste.

“… É lucidez e desatino / de ver no próprio destino / sem poder mudar-lhe a sorte…”

Dos meus tempos de ginasiano quando estudei lógica, em livros do Décio Ferraz Alvim, aprendi coisas simples porém imutáveis.

Todo homem é mortal.

João é homem.

Logo, João é mortal.

Em sendo assim sem fazer louvor ao conformismo, me indago porque alguns seres humanos se julgam capazes de reverter a lógica. Aqui apelo para a filosofia popular da velha Belo Horizonte dos bondes. “Todo mundo é passageiro, menos o trocador e o motorneiro”. É fato ou não é? Mesmo um trocador e um motorneiro fora das funções são passageiros, estando em um veículo em andamento.

É algo tão simples, porém verdadeiro me leva a pensar sem incorrer na simplificação exacerbada, porque algumas pessoas se sentem gratuitamente tomadas de poderes excepcionais para promover mudanças esquecendo-se dos silogismos e que não dispõem de meios para alterá-los,

Todo homem é mortal.

João é homem.

Logo, João é mortal.

A morte de Olavo de Carvalho, eu não comemoro, ao contrário, lamento. Como parte de um comportamento de quem opta torcer sempre pela vida. Jamais se dispor a auxiliar a dama do nunca mais, caso específico, por exemplo, dos que optam por integrar Esquadrões da Morte sobrepondo-se à Justiça. Razão que me leva a ser contra as penas de morte seja lá onde for elas aconteçam.

Olavo de Carvalho, em sua intransigência, não chegou a tais píncaros, mesmo abrindo portas para outros equívocos. Porém não há como negar que era homem, sendo homem nada mais do que um nome de brilho apagado na história. E assim será como muitos outros que ainda respiram, porém bem próximos de ultrapassar a linha de chegada e, antes disso, na reta final, nem para gurus ou conselheiros servir mais, o que a todos nos espera.

Uma razão simples com o poder de um silogismo a fazer qualquer homem capaz de meditar a ser levado a pensar na inutilidade das coisas vãs e enganosas. Principalmente poderes e glórias efêmeras que por ventura não estejam escritas nas estrelas.