A cidade de Congonhas, na Região Central de Minas Gerais, enfrenta diversos problemas relacionados à atividade minerária. Esses desafios foram constatados durante a visita da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que esteve no município para ouvir as demandas da população.

Uma das principais preocupações levantadas pelos moradores é o impacto das atividades mineradoras sobre as nascentes que abastecem o bairro Pires. Com essas fontes de água agora localizadas em áreas sob controle de mineradoras, os moradores relatam que o acesso à água se tornou um problema crescente. A falta de água afeta diretamente a qualidade de vida e a subsistência da comunidade local, que depende dessas nascentes há gerações.

Além disso, os caminhoneiros autônomos da região também manifestaram sua insatisfação, pois têm perdido espaço para transportadoras de fora da cidade ou até mesmo de outros estados. Com o cancelamento de contratos de transporte de minério, muitos desses trabalhadores se veem impossibilitados de sustentar suas famílias e manter seus caminhões. Vinícius Henrique, um dos motoristas afetados, expressou sua frustração, afirmando que a situação se tornará insustentável se algo não for feito para reverter esse cenário.

Outro foco de tensão é a comunidade de Santa Quitéria, que se encontra ameaçada pelo Decreto 496, editado pelo Governo do Estado. O decreto declara de utilidade pública terrenos que podem ser desapropriados para a expansão da mina Casa da Pedra, operada pela CSN. Os moradores estão preocupados com a possibilidade de perderem suas casas e parte de sua história, já que a área é considerada um remanescente importante da Mata Atlântica, além de abrigar patrimônio histórico em processo de tombamento, como a igreja local de mais de 300 anos.

No bairro Pires, a população também enfrenta dificuldades causadas pela poeira e rachaduras em suas casas, consequência da atividade mineradora e da movimentação de trens. No entanto, a principal queixa continua sendo a redução da vazão das nascentes que tradicionalmente abasteciam a comunidade. A mineradora Ferro + admite que o rebaixamento do lençol freático tem impacto sobre essas fontes de água, mas também aponta o longo período de seca como fator agravante.

A empresa afirma estar suplementando o abastecimento de água com caminhões-pipa para 41 famílias na parte alta do bairro e garante que a comunidade não ficará sem água. No entanto, a responsabilidade pelo tratamento da água caberia à Copasa e à Prefeitura de Congonhas.

Diante dessas questões, a comunidade de Santa Quitéria expressou sua determinação em resistir às tentativas de desapropriação, enquanto representantes da prefeitura de Congonhas já estão em processo de levantar dados para embasar uma possível ação contra o decreto. A presença de autoridades locais e estaduais durante a visita reforçou a importância de se buscar soluções que respeitem os direitos dos moradores e preservem o patrimônio ambiental e histórico da região.

 


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