A relação já tensa entre o Ministro da Defesa, Braga Netto, e a alta cúpula do Exército se intensificou após a divulgação de uma nota atribuída a Braga Netto, que responsabiliza o general Richard Nunes pela nomeação do ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, recentemente preso. A nota alega que durante a Intervenção Federal na segurança pública do Rio de Janeiro em 2018, a Polícia Civil estava subordinada à Secretaria de Segurança Pública, e que as nomeações eram de responsabilidade do então Secretário de Segurança Pública, não do Exército.

Richard Nunes, atual Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército e próximo do comandante atual, General Tomás Paiva, é apontado como um dos principais responsáveis pela indicação de Rivaldo Barbosa. Embora tenha mantido uma boa relação com Braga Netto durante a intervenção no Rio, esta deteriorou-se significativamente durante o governo Bolsonaro e se extinguiu por completo no governo Lula.

Nunes, que foi um dos principais assessores do ex-comandante do Exército, General Edson Pujol, foi parte da resistência interna contra as tentativas de Bolsonaro de aproximar as forças armadas do Palácio do Planalto. A tensão cresceu ainda mais após a vitória eleitoral de Lula, com Nunes e outros generais sendo alvo de críticas por parte dos bolsonaristas, que queriam que o Exército impedisse a posse do novo presidente.

Em um artigo interno, Nunes expressou preocupação com a polarização da sociedade e a falta de diálogo, defendendo a postura tradicionalmente legalista e neutra do Exército. Este artigo acabou gerando controvérsia, com Braga Netto e outros oficiais sendo alvos de críticas. A reação interna da cúpula militar, segundo relatos, inclui a possível perda da patente de general por parte de Braga Netto.

Agora, Braga Netto tenta atribuir a responsabilidade pela nomeação de Rivaldo Barbosa a Nunes, alegando que este foi quem acobertou os mandantes do assassinato de Marielle Franco.


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