A CPI do 8 de Janeiro já decidiu como vai tratar os militares envolvidos nas invasões às sedes dos três Poderes. Não haverá imputação de culpa a Exército, Marinha ou Aeronáutica. Militares que tomaram parte em atos golpistas serão acusados de agir por vontade própria, sem incentivo das Forças Armadas. Este entendimento é partilhado por governistas, oposição e comando da CPI.
“O fato de alguns militares, pessoas físicas, terem eventualmente se envolvido com essas movimentações antidemocráticas, tem de ser separado, totalmente separado, das Forças Armadas”, disse o deputado Arthur Maia (União-BA), presidente da comissão.
O que acontece
A relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), declarou que seu parecer vai apontar culpas individuais sem envolver as instituições militares. A decisão está tomada mesmo com ela repetindo que as informações que constarão no relatório ainda estão sendo estudadas.
Na última quinta-feira, se viu uma amostra do nível de exposição do Exército no 8/1. No mesmo dia, o tenente-coronel Mauro Cid prestava depoimento na CPI do Distrito Federal, enquanto, no Congresso Nacional, era o sargento Luis Marcos dos Reis que dava explicações.
Ambos estão presos desde maio. Eles trabalhavam na Ajudância de Ordens da Presidência durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).
A depender da vontade do presidente da CPI, pode haver imputação de crimes aos dois militares, mas preservando o Exército. O tema foi tratado na última semana.
Outro constrangimento às Forças Armadas deve acontecer no próximo dia 31, com o depoimento do general Gonçalves Dias, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no dia do vandalismo no Planalto. Ele apareceu em imagens sem reagir aos invasores.
Na quarta-feira passada, Arthur Maia esteve no quartel-general do Exército para um encontro com o comandante da instituição, general Tomás Ribeiro Paiva. Na ocasião, os dois teriam manifestado intenção de culpar indivíduos, mas não instituições. Após a reunião, Maia elogiou o Exército, que chamou de “fundamental à democracia”.