Neste domingo (1º/12), moradores de Belo Horizonte foram surpreendidos por uma notificação inesperada em seus celulares. Intitulada “alerta extremo”, a mensagem foi acompanhada de um som alto e inconfundível, que interrompeu até mesmo os aparelhos configurados no modo silencioso. Apesar do susto inicial, a situação não representou uma emergência real, mas sim um teste do novo sistema de alertas da Defesa Civil, desenvolvido em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e operadoras de telefonia móvel.

O objetivo da demonstração foi apresentar à população o funcionamento prático da tecnologia, que será usada para emitir avisos sobre riscos e desastres naturais. O sistema, que opera por meio da rede 4G e 5G, envia mensagens diretamente para os celulares localizados em áreas de risco, sem necessidade de cadastro prévio ou aplicativos adicionais.

O sistema Defesa Civil Alerta tem dois tipos de mensagens: o alerta extremo, destinado a situações de urgência imediata, e o alerta severo, para cenários que permitem algum tempo de preparação. No caso do alerta extremo, como o testado em Belo Horizonte, o celular emite um som similar a uma sirene por 10 segundos, mesmo que esteja em modo silencioso. Já o alerta severo é acompanhado de um “beep” mais discreto, com duração de 2 segundos.

Segundo o Major Wenderson Duarte Marcelino, da Defesa Civil de Minas Gerais, a diferença entre os alertas está no nível de urgência. “No alerta extremo, a população precisa adotar medidas de autoproteção imediatamente. Já o alerta severo oferece um pouco mais de tempo para se preparar”, explicou.

A tecnologia possui algumas limitações: ela não funciona em aparelhos configurados no modo avião ou que utilizem redes de tecnologia inferior ao 4G. Contudo, o sistema tradicional de mensagens SMS continuará sendo utilizado nesses casos.

Os alertas são enviados automaticamente para celulares compatíveis (modelos Android e iOS lançados a partir de 2020) localizados na área de risco, sejam eles de moradores locais ou visitantes. O texto da notificação aparece sobreposto ao conteúdo da tela, em destaque, e é exibido em português.

O teste realizado em Belo Horizonte gerou grande repercussão nas redes sociais. Termos como “susto” e “Defesa Civil” figuraram entre os assuntos mais comentados no X, antigo Twitter. Muitos usuários compartilharam relatos divertidos sobre o impacto inesperado da notificação.

“Achei que eram as trombetas do apocalipse!”, brincou um internauta. Outro comparou o som do alerta a um cenário de guerra, enquanto um terceiro afirmou, em tom humorado, que o teste foi também um desafio para sua saúde cardíaca: “A experiência de quase infarto que tive foi muito boa”, comentou.

Apesar do susto, a ação foi bem recebida por muitos, que destacaram a importância de entender como a ferramenta funcionará em situações reais de emergência.

Após os testes realizados no Rio Grande do Sul e em Belo Horizonte, o sistema de alertas começará a operar em toda a região Sul e Sudeste a partir desta quarta-feira (4/12). A previsão é de que a tecnologia seja implementada em todo o país no primeiro semestre de 2025.

De acordo com a Defesa Civil, a antecipação dos alertas dependerá de fatores como o tipo de desastre e a capacidade de monitoramento local. Eventos súbitos, como enxurradas e deslizamentos, podem ser previstos com poucas horas ou minutos de antecedência, enquanto outras situações permitem maior planejamento.

O coordenador do projeto destacou que o sistema é gratuito e não requer qualquer ação por parte do usuário, como cadastro ou indicação de CEP. “O serviço é automático e inclusivo, garantindo que todos na área de risco sejam informados, independente de serem residentes ou visitantes”, explicou.

Além de sua função essencial em áreas urbanas, o sistema é especialmente relevante para regiões vulneráveis, como o Cerrado. Conhecido como a “caixa d’água do Brasil”, o bioma abriga nascentes de importantes rios e está entre os mais ameaçados do mundo. Com o avanço do desmatamento e as mudanças climáticas, eventos extremos, como secas e enchentes, têm se tornado mais frequentes, aumentando a necessidade de ferramentas eficazes para alertar a população.

A demonstração em Belo Horizonte serviu como um importante passo para familiarizar a população com o sistema de alertas. Embora tenha gerado sustos e momentos de humor, o teste evidenciou a eficácia da ferramenta em transmitir informações urgentes e salvar vidas em situações de risco. Com a expansão da tecnologia pelo Brasil, a Defesa Civil reforça seu compromisso em proteger cidadãos de desastres naturais e outras emergências críticas.

 

Foto: Dirceu Aurélio