A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso desde janeiro por suspeita de omissão durante os atos golpistas de 8 de janeiro, apresentou ao STF um pedido de soltura alegando haver “riscos de suicídio”.
Os advogados citam um laudo de uma psiquiatra da rede pública para embasar seu pedido de habeas corpus. Conforme a profissional, “vem aumentado o risco de tentativa de autoextermínio”.
A psiquiatra indicou a internação domiciliar ao ex-ministro “com o intuito de conter essas crises e prevenção de suicídio”. O laudo, segundo os advogados, foi produzido no último sábado (22).
A defesa argumenta que não existem mais motivos para que o ex-ministro continue preso e que a PGR (Procuradoria-Geral da República) já se manifestou a favor da soltura dele. Eles alegam que Torres não ocupa mais cargo público, tem residência fixa, não representa um perigo para a sociedade e não tem mais como interferir nas investigações.
Os advogados fazem referência às prisões “alongadas” realizadas na Operação Lava Jato. Segundo eles, as detenções “eram utilizadas como instrumento de tortura física e psicológica dos custodiados”.
“Corroborando o laudo de 10/04/2023, que, repise-se, já indicava risco de suicídio, a psiquiatra da rede pública de saúde, desta vez em laudo confeccionado em 22/04/2023, registrou que: ‘dentro desse contexto, vem aumentando o risco de tentativa de autoextermínio. Ainda com o intuito de conter essas crises e prevenção de suicídio, indico internação domiciliar (melhorar fatores protetores de prevenção)'”, Trecho de documento da defesa de Anderson Torres ao STF.
Torres perdeu 12 kg, desistiu de um curso de eletricista e está em um quadro de apatia e tristeza, segundo apurou a reportagem. Ele está preso no Batalhão de Aviação Operacional, em Brasília.
O estado de saúde do ex-ministro já havia sido levado ao Supremo por seus advogados anteriormente. Numa manifestação, os advogados afirmam que ele “chora constantemente” e está em um estado “de tristeza profunda” sem ver as filhas desde que foi preso.
A defesa pediu o adiamento do depoimento de Torres que ocorreria na segunda-feira (24) sobre a operação da PRF nas eleições por “questões médicas“. O delegado Flavo Reis, presidente do inquérito, acatou o pedido e o depoimento deve ocorrer na próxima semana.
Na decisão do último dia 20, o ministro do STF argumentou que, como não houve mudança no “quadro fático probatório“, não há razão para que a prisão seja revogada ou substituída por medidas cautelares.
O ministro diz que seguem valendo as justificativas originais para a prisão, como indícios de participação na “minuta golpista”.
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