Uma década após a Copa do Mundo de 2014, o Complexo do Mineirão, em Belo Horizonte, continua a ser um dos maiores ícones do esporte nacional. O impacto do estádio na vida dos mineiros vai muito além das quatro linhas.
Desde 2010, o “Gigante da Pampulha” é administrado por uma Parceria Público-Privada (PPP) entre o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), e a concessionária Minas Arena, o que tem contribuído para o desenvolvimento econômico do estado.
O Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 2016. O complexo foi projetado por Oscar Niemeyer e é considerado uma obra-prima do gênio criativo humano. A UNESCO reconheceu o valor universal excepcional da Pampulha, considerando-a um símbolo de arquitetura moderna que se adapta às tradições locais e às condicionantes ambientais brasileiras.
O complexo inclui a Lagoa da Pampulha, os jardins de Burle Marx, a Igreja de São Francisco de Assis, o antigo Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (atualmente Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte), o Iate Golfe Clube (atual Iate Tênis Clube) e a Praça Dalva Simão (antiga Santa Rosa).
Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2022, o Mineirão injetou R$ 1 bilhão na economia estadual. A pesquisa revelou que, a cada R$ 1 gasto no estádio, são gerados R$ 3,97 em movimentações fora dele.
Eventos e jogos realizados no estádio criaram mais de 7 mil postos de trabalho e contribuíram para a arrecadação de R$ 61,5 milhões para os cofres públicos.
O contrato da PPP tem vigência de 27 anos e, desde o início da parceria, o Mineirão passou por uma série de intervenções que ampliaram e diversificaram suas áreas de uso para o público, como a criação da esplanada, novos estacionamentos, espaços comerciais e uma nova cobertura.
Também houve a modernização e revitalização da fachada e estrutura interna, a instalação de painéis solares, placares eletrônicos e a reforma das arquibancadas e vestiários.
No período pós-reforma, o Mineirão recebeu 504 partidas de futebol, com público superior a 12,6 milhões de pessoas. Desconsiderando os jogos sem torcida devido à pandemia, a média é de 30 mil torcedores por partida. O número representa quase o dobro do que era registrado antes das intervenções, quando a média de público era de 16,8 mil visitantes.
Paralelamente ao futebol, o Mineirão recebe eventos musicais, culturais, corporativos e de outros esportes. De 2013 ao primeiro semestre de 2024, foram 1.111 eventos, com público aproximado de 4,9 milhões de pessoas.
Museu do Futebol, no Mineirão
Foi em uma dessas oportunidades, e não em um jogo, em que os atleticanos Carolina Quirino de Oliveira e Bruno Novais Barbieri se conheceram. Tudo começou com uma troca de mensagens, que logo levou a um encontro no estádio. “O Mineirão é o lugar onde vivi muitos momentos felizes e onde encontrei o amor da minha vida. Para mim, o estádio representa paixão e felicidade em Minas”, conta Carolina.
Bruno também compartilha o carinho pelo estádio, que também faz parte da história do casal. “Estar no Mineirão é sair da rotina, é sentir a alegria de estar no meio de uma multidão feliz. As melhorias foram ótimas, trouxeram mais conforto e ampliaram o espaço. Além disso, a esplanada é uma ótima opção para passear com a família”, acrescenta.
Competições – O Mineirão se tornou um grande aliado nos anos de ouro do futebol mineiro, sendo palco de conquistas históricas, como a Copa Libertadores do Atlético-MG em 2013, os Campeonatos Brasileiros do Cruzeiro em 2013 e 2014, e do Atlético-MG em 2021, e as Copas do Brasil do Atlético-MG em 2014 e 2021, e do Cruzeiro em 2017 e 2018.
Nos 12 anos de concessão, o estádio recebeu 19 competições diferentes, com torneios internacionais, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e a Copa América, além de competições de futebol masculino, feminino e de base. Foram realizadas 29 finais de jogos mata-mata, com 23 taças erguidas no gramado do Gigante.
Mais recentemente, o entorno do estádio foi utilizado para a competição da Stock Car Pro Series, marcando o retorno de Minas Gerais ao calendário da principal categoria do automobilismo brasileiro após sete anos.Um sucesso com mais de 65 mil pessoas no dia da prova , no domingo dia 18 de agosto.
Durante quatro dias de agosto, o público pôde aproveitar a esplanada, as arquibancadas e os camarotes, além de toda a estrutura de entretenimento, gastronomia e diversão montada para a etapa da competição em Belo Horizonte.
Ações sociais e sustentabilidade – Além de sua importância para o esporte, o Mineirão também se destaca pelas ações sociais e de sustentabilidade. Periodicamente, o estádio realiza campanhas pela igualdade de gênero, acessibilidade, e contra o racismo, a lgbtfobia e a violência no futebol.
O Mineirão é signatário do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi o primeiro estádio do Brasil a receber o selo Platinum da certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), com destaque para a geração de energia fotovoltaica, reuso de água da chuva e reciclagem.
De 2013 ao primeiro semestre de 2024, 683 toneladas de resíduos foram reciclados.
Coluna Minas Turismo Gerais
Jornalista Sérgio Moreira @sergiomoreira63
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