O humor é para rir, claro, mas mais do que gargalhadas, o legado de um humorista pode ser medido a partir de sua influência, respeito e coragem. Essa é a história que a diretora Angela Zoé conta em ‘Henfil’, documentário sobre a vida e o trabalho do cartunista e quadrinista morto em 1988 e que chega agora ao canal Curta!
“Pensa-se que o humor é para gargalhar, mas o humor é para libertar. Antes, o humor rompia expectativas apenas, mas o humor que se faz hoje é de libertação. Nosso papel é abrir as coisas, decodificar”, defendia Henfil.
Com imagens de arquivo, trechos de entrevistas com Henfil, depoimentos de amigos como Ziraldo e Sérgio Cabral e jovens artistas, a diretora monta um quadro que apresenta as raízes do cartunista para mostrar como o seu trabalho alcançou o status de referência no Brasil e, como ele mesmo dizia, até como ‘cucaracha’ nos Estados Unidos.
Angela, que também assina o roteiro ao lado de Gabriela Javier, reconstitui a infância do artista como ‘bom mineiro’, como dizia Jaguar, para destacar as principais referências que marcaram um dos maiores cartunistas do Brasil. Seu trabalho continha denúncia, era provocador e, mesmo durante a ditadura, atacava tanto os militares quanto figuras emblemáticas como Clarice Lispector e Elis Regina, alvos do seu cartum ‘Cemitério dos Mortos-Vivos’.
“Ele cresceu perto da praça dos hospitais, lá em Belo Horizonte, perto do Parque Municipal, Ele via as mazelas, cresceu com a doença ali em volta, e isso fez parte do humor ácido e malvado dele, de quem precisava sobreviver a isso”, afirma o cartunista Aroeira.
Genioso, mas doce; tranquilo, mas sacana. A história de Henfil é mostrada assim como ele definia sua personagem mais marcante: a Graúna. Enquanto a produção acompanha o trabalho de jovens ilustradores — que revivem os personagens de Henfil e se divertem com os traços tortos e com as histórias contadas pelos amigos e pelo filho, Ivan Cosenza —, o documentário destaca suas dores como hemofílico e como um ser político.
“Quando vejo tanta injustiça, tanta coisa ruim, fico orgulhosa dos meus filhos não aceitarem isso, e fazerem alguma coisa para mudar, apesar dos perigos. O coração de mãe sofre, mas é preferível que eles percam o corpo, mas salvem suas almas”, dizia Dona Maria, mãe de Henfil, Betinho e outros seis filhos.
‘Henfil’ pode ser assistido no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A estreia é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 30 de agosto, às 22h30.
Sextas de História e Sociedade – 30/08
22h30 – “Henfil” (Documentário) – ESTREIA NO CANAL
O documentário registra uma proposta curiosa feita a uma turma de jovens animadores: tentar trazer para a atualidade as obras do cartunista, jornalista e ativista brasileiro Henrique de Souza Filho, o Henfil. Além desse processo, o filme traz depoimentos de amigos e revelações sobre como o artista hemofílico lidava com sua doença e utilizava seus desenhos como instrumento de luta contra a censura, na época da ditadura militar. Direção: Angela Zoé Duração: 75 min Classificação: 12 anos Horários alternativos: 31 de agosto, sábado, às 2h30 e às 15h15; 1° de setembro, domingo, às 21h15, 2 de setembro, segunda-feira, às 16h30; 3 de setembro, terça-feira, às 10h30
Sábado – 31/08
22h20 – “Dorivando Saravá, o preto que virou mar” (Documentário)
A obra de Dorival Caymmi, um dos cantores e compositores mais icônicos da Bahia, se confunde com uma maneira muito própria de viver. O documentário contempla a sua forma de existir e de pensar, como se o artista pudesse se transformar em um verbo: “dorivar”. Caymmi, falecido em 2008, foi o primeiro a cantar os orixás do candomblé na música popular brasileira. Ele transportou para a música e para a pintura — outro de seus talentos — sua religiosidade, os misticismos de um povo e toda uma poética fortemente ligada à praia. O filme segue uma linha poética em que o artista transcende a morte; Caymmi, portanto, não morreu. Virou mar. O longa conta com imagens de arquivo em que o próprio Caymmi fala de suas percepções e filosofias de vida, além de depoimentos de artistas como Gilberto Gil, Tom Zé, Jussara Silveira, Adriana Calcanhotto, entre outros que desfrutaram da companhia do compositor ou que regravaram suas canções. Direção: Henrique Dantas Duração: 88 min. Classificação: Livre Horários alternativos: 1° de setembro, domingo, às 15h30 e 2 de setembro, segunda-feira, às 2h15.
Domingo – 01/09
19h – “Artistas Plásticos Brasileiros” (Série) – Episódio: “Tarsila do Amaral – As cores do Brasil”
A vida e a obra da “caipirinha” Tarsila do Amaral é o tema deste episódio da série “Artistas Plásticos Brasileiros”. Estudando na Europa, ela não participou da Semana de Arte Moderna de 1922. Suas pinturas inspiraram os movimentos “Pau Brasil” e “Antropofágico”, com temas, formas e cores tiradas da memória de sua infância nas fazendas de café do interior de São Paulo. Direção: Rozane Braga e Adriana Miranda Duração: 52 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 17 de setembro, terça-feira, às 21h; 18 de setembro, quarta-feira, às 01h e às 15h; 19 de setembro, quinta-feira às 9h e 21 de setembro, sábado, às 8h.