O governo egípcio declarou que não aceitará a permanência de forças israelenses ao longo de sua fronteira com a Faixa de Gaza, conforme divulgado pela mídia local nesta segunda-feira. Cairo, que desempenha um papel crucial como mediador nas negociações de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, deixou claro que não permitirá a presença militar israelense no estratégico Corredor da Filadélfia, que separa Gaza do Egito.

A retirada das forças israelenses da área de fronteira, incluindo a passagem de Rafah, tem sido um ponto central nas negociações. Rafah, que antes da guerra era a única passagem do território palestino não controlada diretamente por Israel, foi tomada pelas forças israelenses em maio, cortando uma importante rota de ajuda humanitária e provocando condenações internacionais, incluindo do Egito.

Uma fonte governamental egípcia destacou que a mediação do Egito entre Israel e o Hamas está sendo conduzida com base nos interesses de segurança nacional do país. As negociações, que também envolvem Catar e Estados Unidos, avançaram pouco, embora Washington tenha sinalizado na última sexta-feira que houve algum progresso. No domingo, o Hamas informou que seus representantes se reuniram com mediadores egípcios e cataris no Cairo, enquanto se esperava a chegada de negociadores israelenses.

A passagem de Rafah é uma rota vital de entrada e saída para Gaza, especialmente após o Hamas tomar o controle do território em 2007, quando expulsou o Fatah para a Cisjordânia. Desde então, Israel e Egito têm controlado rigorosamente o fluxo de pessoas e mercadorias para o enclave. Pelo acordo de 2007, qualquer suprimento que entre em Gaza via Rafah precisa de autorização israelense.

Em setembro passado, um relatório da ONU alertou sobre o agravamento das restrições em Rafah devido às ações do governo egípcio para combater atividades ilegais e insegurança no Sinai. Segundo o relatório, essas medidas pioraram ainda mais a já frágil situação humanitária em Gaza.

Além de Rafah, Gaza possui outras duas passagens: Erez, ao norte, que leva ao território israelense, e Kerem Shalom, no sul, utilizada apenas para transporte de cargas. O bloqueio contínuo de Gaza colocou pressão internacional sobre o Egito para abrir um corredor humanitário em Rafah.

Em maio, as Forças Armadas de Israel divulgaram imagens de tanques com bandeiras israelenses em Rafah, afirmando que se tratava de uma “operação de contraterrorismo” para eliminar terroristas e infraestruturas do Hamas. No entanto, a operação militar em Rafah gerou preocupações internacionais devido ao grande número de civis na área. Antes da guerra, Rafah abrigava 250 mil pessoas, mas com o deslocamento forçado, essa população cresceu para quase 1,5 milhão.

Após o fechamento da passagem de Rafah, autoridades de saúde em Gaza relataram que a medida deixou 46 doentes e feridos presos no sul do território, impossibilitados de receber tratamento médico no Egito.


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