O número de pessoas endividadas em Belo Horizonte atingiu, em julho, o maior nível desde janeiro de 2020. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) e divulgada nesta quarta-feira (10). O estudo aponta que 9 em cada 10 belo-horizontinos têm cobranças que superam os valores dos orçamentos.

O índice de cidadãos nesta situação, ao final do primeiro semestre deste ano, é de 90,1%. No mesmo período do ano passado, o percentual assinalado era de 78,5% – o que indica um crescimento de 14,7%, conforme a Fecomércio. Ainda conforme a pesquisa, 16,2% dos entrevistados declararam não ter condições de pagar as contas.

Entre os tipos de dívidas, o cartão de crédito segue sendo o principal entrave para o orçamento das famílias. Atualmente, 78,8% das famílias têm nos cartões a principal fonte de endividamento. As compras feitas em carnês também impactam o orçamento de 22% das pessoas, enquanto o cheque especial tem representatividade de 10%.

O levantamento apontou ainda que as dívidas comprometem, em média, 31,6% da renda familiar. Outro fato constatado durante o estudo é que grande parte das dívidas são por longos períodos, com tempo médio de comprometimento da renda de aproximadamente sete meses.

Dentre as pessoas que declararam endividamento, 42% afirmam que os débitos estão atrasados por mais de 90 dias. Já para 33,1%, o atraso perdura entre 30 e 90 dias e 24,3% afirmam ter dívidas vencidas há 30 dias. Com a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, o atraso nas contas só agrava a situação financeira das famílias. No caso de pendências relacionadas ao cartão de crédito, por exemplo, dados do banco central indicam que os juros mensais das dívidas em atraso podem chegar a 22%.

De acordo com a economista da Fecomércio, Gabriela Martins, o alto índice de endividamento pode ter relação com a retomada das atividades comerciais, após longos períodos de fechamento dos setores de comércio e serviços para conter os avanços da Covid-19. “Isso faz com que as famílias se sintam mais incentivadas a consumir, e utilizem do crédito para suprir suas demandas. Tal comportamento acarreta um aumento nos índices de endividamento”, assinala a economista.

Martins ainda aconselha que as famílias façam um planejamento de quais débitos comprometem a renda mensal, como dívidas de aluguel e contas de água e luz. “Desta forma, é possível calcular os gastos fixos e planejar o orçamento restante para os pagamentos e futuros compromissos financeiros”, orienta a economista da Fecomércio MG.