Os Estados Unidos autorizaram, neste domingo (17), o uso de mísseis de longo alcance fabricados no país por forças ucranianas contra alvos no interior da Rússia. A decisão atende a um pedido antigo de Kiev, que antes enfrentava restrições devido ao temor de uma escalada do conflito que envolvesse diretamente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Os Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS, na sigla em inglês), com alcance de até 300 km, já vinham sendo enviados à Ucrânia, mas só podiam ser utilizados em áreas sob controle russo dentro do território ucraniano ou nas proximidades das linhas de fronteira.

A decisão ocorre após um ataque em grande escala promovido pela Rússia neste domingo, que atingiu a infraestrutura energética da Ucrânia, resultando em racionamento de energia e cortes em diversas regiões. De acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o ataque danificou severamente metade da capacidade de geração de energia do país e deixou ao menos cinco mortos.

O uso ampliado dos mísseis havia sido anteriormente descartado por Washington devido ao receio de que ataques ao território russo provocassem uma reação mais agressiva do Kremlin. No entanto, a postura dos EUA começou a mudar após a introdução de mísseis semelhantes, como os Storm Shadows britânicos e os SCALP franceses, que possuem alcance superior e não geraram grandes retaliações russas.

Além disso, a intensificação dos ataques russos e o contexto político americano, com a transição presidencial marcada pela eleição de Donald Trump, influenciaram a Casa Branca a rever sua posição.

O ataque russo deste domingo, um dos maiores em mais de dois anos de conflito, utilizou cerca de 120 mísseis e 90 drones. A ofensiva deixou cidades como Kiev, Odesa e Lviv sem energia e água, enquanto hospitais precisaram operar com geradores. A Ucrânia, que já enfrenta dificuldades com a aproximação do rigoroso inverno, pediu mais ajuda militar e financeira aos aliados para reconstruir sua rede de energia e fortalecer suas defesas.

Enquanto isso, os países vizinhos também reagiram. A Polônia mobilizou suas forças em alerta máximo, temendo que os ataques representassem um risco à segurança do país.

A autorização dos EUA para o uso dos ATACMS dentro do território russo pode representar uma mudança estratégica significativa no conflito, ampliando a capacidade da Ucrânia de responder às agressões do Kremlin e influenciando os próximos passos na guerra.