A cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) é iminente, afirmou o ex-juiz eleitoral Márlon Reis ao UOL News desta sexta (15).
“Estudei minuciosamente o parecer e o processo como um todo. Estou convencido de que estamos na véspera da cassação de Moro. Foram encontrados muitos elementos de prova, devidamente analisados pelo Ministério Público Eleitoral em um parecer extremamente sóbrio e técnico. São muitas as alegações contrárias à manutenção do mandato. A lista envolve quase todo o abecedário, indo de A até M. O MP acerta na leitura e creio que haverá cassação”, disse Márlon Reis, ex-juiz eleitoral.
Do que ele está falando?
Reis se referiu ao parecer do MP Eleitoral do Paraná, que defendeu o acolhimento parcial de uma ação contra Moro por abuso de poder econômico em sua pré-campanha ao Senado em 2022.
O ex-juiz eleitoral explicou que Moro se beneficiou da pré-campanha à Presidência da República antes de se lançar como candidato ao Senado. Reis avalia que tanto o senador como sua equipe deixaram de lado a rigidez das leis eleitorais sobre prestação de contas e, com argumentos bem sólidos, dificilmente sairão impunes.
No processo, está comprovado que houve dispêndio no período pré-eleitoral de R$ 2.030.228,09. O MP faz a conta e conclui que [esse valor] representa quase 40% do total geral das despesas de campanha eleitoral e 110% da média dos gastos em campanha dos outros candidatos ao Senado. (…) Esses gastos feitos anteriormente o beneficiaram. Ele faz uma pré-campanha muito acima do normal e desequilibra as chances de disputa em relação aos demais concorrentes.
“Moro não tomou esse cuidado [com questões jurídicas da campanha]. Houve mais pressa, entusiasmo e ansiedade do que cautela, que é absolutamente necessária. A legislação eleitoral se tornou muito rigorosa nos últimos anos. O próprio Congresso começou a enrijecer as normas sobre prestação de contas. Todos devem se adequar a isso, e o que se observa nesse caso é que não houve adequação”, afirmou Márlon Reis, ex-juiz eleitoral.