Uma nota divulgada pelo Ministério da Defesa hoje anunciando que apresentará, finalmente, nesta quarta-feira, seu relatório sobre a auditoria das urnas eletrônicas pode explicar o estranho silêncio do ex-presidente, que continua homiziado no Palácio da Alvorada, desde a sua derrota na eleição, sem dar sinal de vida. Isso é preocupante.
Por mais que a gente queira virar a página e mudar de assunto, tentando voltar a uma vida normal, não dá para esquecer que bandos de golpistas continuam bloqueando estradas em vários pontos do país, entrando em choque com policiais, e ocupando as calçadas de quarteis para pedir a intervenção militar e impedir a posse do presidente eleito Lula.
O que será que o capitão está tramando para ainda tentar melar as eleições? O apoio das Forças Armadas? Até onde consigo enxergar, não veio e não virá. Durante toda a campanha, ele deixou claro que só aceitaria o resultado da eleição se fosse chancelado pelos militares.
Só depois disso, se o Ministério da Defesa não tiver encontrado nada de irregular nas urnas eletrônicas, poderemos dar por findo o processo eleitoral e seus devotos serão obrigados a levantar seus acampamentos golpistas. Mas nada garante que o ex-presidente em exercício não encontrará um fio de cabelo neste relatório dos militares para ainda contestar o resultado e denunciar que a eleição foi fraudada.
Caso contrário, se nada de errado tiver sido encontrado, todos os bandidos ainda envolvidos em atos antidemocráticos deverão ser imediatamente presos e os responsáveis pela organização criminosa identificados e punidos.
Sabe-se que os vários inquéritos abertos por determinação do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, já identificaram alguns mandantes desses crimes contra a democracia, mas até agora ninguém foi denunciado e preso.
Assim como seu chefe supremo, até agora as Forças Armadas também continuam em silêncio, sem tomar providências para impedir que os arruaceiros se manifestem às portas dos seus quarteis, onde instalaram barracas, churrasqueiras e banheiros químicos, desafiando as leis e os regulamentos militares.
Enquanto o presidente eleito Lula monta seu novo governo com a mais ampla participação de partidos democráticos e entidades da sociedade civil, o governo derrotado estrebucha e esperneia nas sombras, desafiando as instituições e ameaçando a passagem pacífica do poder no dia 1º de janeiro de 2023.
A nota do Ministério da Defesa com o resultado da sua auditoria particular poderá colocar um fim nesse impasse que ainda impede o país de voltar a um clima de normalidade e para poder planejar seu futuro _ ou não.
Depois disso, caso não encontre no relatório novos argumentos em contrário, só restará ao capitão reconhecer a derrota e cumprimentar o presidente eleito, o que não fez até agora.
Chega de impunidade! Faltará apenas levar o ex-presidente e seu bando às barras dos tribunais para que nunca mais nosso país passe por tantos sofrimentos como nesses trágicos últimos quatro anos. Que venha logo o novo governo. Ninguém aguenta mais esse pesadelo da terra plana bolsonarista.