O café mineiro tem rompido barreiras geográficas e culturais e vem conquistando paladares do outro lado do planeta. Nesta semana do Dia Mundial do Café, comemorado no domingo (14/4), um dos destaques é o crescimento das exportações para a China, que passaram por aumento vertiginoso nos últimos dez anos, com aumento registrado da ordem de 3.960% no valor movimentado, alcançando a cifra de quase US$ 251 milhões em 2023.

Com o avanço, o país asiático chegou ao patamar de sexto principal destino da produção cafeeira do estado. Os resultados são fruto da qualidade em ascensão, impulsionada pelos serviços de assistência técnica, extensão rural, pesquisa e vigilância sanitária oferecidos pelo Governo de Minas, contribuindo para a profissionalização do setor e a ampliação de mercados internacionais, a exemplo dos irmãos Walter e Ednilson Dutra, de Manhuaçu, na Zona da Mata.

Os cafeicultores são pioneiros em integrar o Programa Certifica Minas Café, e comercializam no exterior há duas décadas. Atualmente, toda a produção da Fazenda Dutra é orgânica e vendida diretamente a mais de 20 países. A primeira vez que a família enviou o produto para a China foi no ano 2016.

“Nós estamos exportando desde 2.000, começamos com apenas um container para a Alemanha e lutamos para crescer, procurando sempre quem possa nos ajudar, os órgãos do Governo de Minas e outras instituições públicas. A gente jamais imaginou que o nosso café pudesse chegar à China, um nome que remete a grandeza, tão longe daqui”, afirma Ednilson.

E os esforços para alcançar cada vez mais mercados não param. “Nós sabemos que se trata de uma longa jornada, porque temos um produto de nicho, um produto especial e diferenciado, mas o caminho é buscar colaboração, e o Governo de Minas é muito amigo da agricultura, traz visitas para nós, sempre nos dá oportunidades de mostrar o nosso trabalho para o mercado externo. No caso da China, como todo mercado que está iniciando, não é fácil, mas há um futuro”, diz Ednilson.

Exportações do café mineiro para a China

Entre 2022 e 2023, o salto de exportações do café mineiro para a China foi de 250%, chegando a quase US$ 251 milhões e 1,2 milhão de sacas embarcadas no ano passado. Em 2022, os dados correspondiam a US$ 71,5 milhões e 324 mil sacas. Para se ter ideia, há dez anos, em 2014, as compras chinesas somavam apenas US$ 6,1 milhões e 32,2 mil sacas.

De acordo com o diretor de Cadeias Produtivas da Seapa, Julian Silva Carvalho, esse aumento expressivo decorre de mudanças nos padrões de consumo dos orientais, que cada vez mais têm aprendido a apreciar a bebida.

“Nós viemos de um cenário de baixa demanda por café por parte dos chineses. Diferentemente do que sempre aconteceu nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas na China tinham o costume de consumir chá ao invés de café. Conforme vão se tornando mais cosmopolitas e conhecendo novos produtos, isso tem se transformado”, avalia o especialista.

O café é o principal item da pauta exportadora do agronegócio de Minas Gerais, alcançando a receita total de US$ 1,1 bilhão no primeiro bimestre deste ano, com um volume de 5,3 milhões de sacas embarcadas. Os Estados Unidos, a Alemanha, a Bélgica, o Japão e a Itália lideram as aquisições do produto mineiro, seguidos pela China.


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