Desde junho de 2024, o projeto Festeja Tradição Mineira tem visitado diversas comunidades quilombolas e indígenas de Minas Gerais, oferecendo capacitações para a juventude em áreas de comunicação, redes sociais, fotografia e vídeo. O objetivo é que esses jovens desenvolvam habilidades para contar as próprias histórias e utilizem a comunicação como ferramenta de resistência e preservação cultural.
No início de novembro, o projeto chega à Aldeia Escola Floresta – Yãy Hã Mĩy, em Teófilo Otoni (MG), onde vive o povo Tikmũ’ũn, também conhecido como Maxakali, território. A habilidade de documentar e compartilhar sua cultura, incluindo a língua Tikmũ’ũn, fortalece a luta por reconhecimento e respeito à sua herança cultural, além de ser uma maneira de resistir ao apagamento histórico e manter viva sua identidade em um contexto de contínua marginalização.
Esse povo indígena retomou uma área pública do Estado, antes cedida para um campus do Instituto Federal do Norte de Minas, mas que permaneceu abandonada. A retomada representa uma luta urgente do povo Maxakali por acesso à água e condições dignas para perpetuar suas tradições e modo de vida, que mantêm viva a rica biodiversidade da Mata Atlântica. Hoje, o povo Maxakali é composto por cerca de 3 mil pessoas, distribuídas em aldeias localizadas em Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni. Seus cantos tradicionais, além de serem manifestações culturais, são formas de transmissão de conhecimento, carregando saberes ancestrais sobre a biodiversidade e a preservação ambiental.
Ao longo deste ano, o Festeja Tradição Mineira já percorreu diversas outras comunidades, como o Quilombo dos Arturos, em Contagem; o Quilombo de Justinópolis, em Ribeirão das Neves; e o quilombo Teodoro de Oliveira e Ventura, em Patos de Minas. A aldeia Arapowã Kakyá, do povo Xukuru-Kariri, em Brumadinho, também foi contemplada pelo projeto. Em cada local, jovens quilombolas e indígenas receberam treinamento e bolsas de estudo para aprofundar suas habilidades de comunicação, fortalecendo suas vozes e sua capacidade de articulação e resistência.
O Festeja Tradição Mineira teve início em 2020 e busca promover o reconhecimento da importância das tradições culturais em Minas Gerais. Por meio de exposições virtuais e projetadas em cidades do estado e do país, o Festeja Tradição Mineira destacou obras de artistas locais que retratam os costumes, sentimentos e ancestralidade das festas e manifestações culturais em Minas Gerais.
O Minas LAB é um projeto histórico que nasceu em 2018 e já percorreu 29 municípios mineiros em anos anteriores, oferecendo um circuito de formação em comunicação e produção cultural. Agora, esses dois projetos se unem para criar o Festeja – Minas LAB, que visa capacitar as comunidades quilombolas e indígenas em habilidades essenciais de comunicação e produção audiovisual.