Kalil (PSD) pode não ter dado bolo a Lula (PT), como disse, mas também não deu pão de queijo, como seria o esperado. Os desacertos da política, às vezes, deixam essa impressão de falta de cortesia. O fato é que os dois não conseguiram avançar na aliança e estão paralisados por conta do ‘fogo amigo’ de ambos os lados. Cada um dos aliados querendo resolver o seu próprio problema, adiando o projeto principal.

Se a situação continuar assim, Lula deixará de ter um palanque forte em Minas. Mais do que ele, perde Kalil, que abre mão de ter ao seu lado um cabo eleitoral forte, que está liderando a disputa em Minas e no país. Quem mais ganharia com isso? Claro, é o principal rival deles, o governador Romeu Zema, pré-candidato à reeleição pelo partido Novo. Do jeito que está, sem alterações no quadro, ele vai mantendo a liderança nas pesquisas. Ainda assim, não dá pra Zema se iludir.

Pelas declarações de Kalil e de Lula, nesses três dias nos quais o ex-presidente fez pré-campanha por aqui, eles deverão superar os entraves e fechar a aliança até o mês que vem. Até porque, esse é o prazo final com a realização das convenções. Quem vai ceder primeiro será aquele que identificar os maiores prejuízos para seu projeto eleitoral.

Espertezas de Zema

O pré-candidato que seria mais afetado com a entrada de Carlos Viana na disputa seria Romeu Zema pela identidade que há entre eles. Ao contrário, o governador perdeu poucos pontos. O quadro tende a ficar mais claro nos próximos meses, mas Zema já deu sinais de que aprendeu a esperteza dos políticos mineiros.

Ele não quer se envolver com a disputa entre Bolsonaro e Lula e quer ficar em cima do muro. Por quê? Percebeu que, pelas pesquisas de agora, os mineiros estão escolhendo ele próprio para governador e Lula para presidente. A nova senha entre Zema e aliados é “não mexer em time que está ganhando”. E se Kalil já definiu a chapa, Zema pôs a sua em banho-maria, esperando sobras do outro lado e avaliando cenários sem pressa.

Copiar e colar em Zema

Quem também andou por Minas nesta semana foi o presidenciável do partido Novo, Felipe D’ávila. É mais um sinal da importância de Minas na eleição presidencial. Além de ser o segundo maior colégio eleitoral do país, com 15,5 milhões de eleitores, e da mística de que, quem ganha aqui, pode vencer no país, há um terceiro motivo para ele.

D’ávila disse que pretende pegar carona no sucesso eleitoral de Zema em Minas e fazer do governo dele uma referência do que poderá fazer no país se for eleito. Ele não acredita que Zema irá fazer jogo duplo com ele, como fez em 2018, quando pediu votos para o candidato do partido dele e para Bolsonaro. “Zema está acima disso, porque é o governador melhor avaliado do país”.