O atual prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), foi reeleito neste domingo, 27 de outubro, para um novo mandato de quatro anos à frente da capital mineira, tornando-se o prefeito mais velho eleito na história da cidade. Ele venceu o deputado estadual Bruno Engler (PL) no segundo turno, após uma campanha marcada por uma virada expressiva e repleta de disputas acirradas.

No primeiro turno, o cenário indicava uma liderança inicial de Engler, que conquistou 34,38% dos votos, contra 26,54% de Fuad. Contudo, ao longo do segundo turno, Fuad consolidou sua liderança, atraindo o apoio de eleitores de candidatos derrotados, como Mauro Tramonte (Republicanos) e Gabriel Azevedo (MDB), que ficaram em terceiro e quartos lugares, respectivamente. Embora Fuad tenha recebido o apoio público de figuras como Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT), ele preferiu manter certa distância de atos públicos com políticos de esquerda para não afastar os eleitores de centro e de direita que também o apoiavam.

A campanha de Fuad focou em destacar a continuidade das obras em andamento na cidade e reforçar a imagem de independência política do prefeito, diferenciando-se de seu adversário, que contava com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de figuras importantes da direita no estado. Em contrapartida, a equipe de Fuad direcionou críticas a Engler, questionando sua atuação como deputado estadual e destacando as condenações enfrentadas pelo adversário.

Nos últimos dias da campanha, a disputa esquentou ainda mais quando Engler e seus aliados usaram trechos de um livro escrito por Fuad em 2020 para acusá-lo de promover conteúdo “pornográfico” e apologia ao estupro. A Justiça Eleitoral rapidamente interveio, retirando a peça de circulação na TV e nas redes sociais. Em consequência, Fuad recebeu direito de resposta, que somou 84 minutos adicionais de inserções em rádio e TV, com as propagandas eleitorais estendendo-se até a véspera da eleição, um diferencial que impactou diretamente a visibilidade de sua campanha.

A Justiça Eleitoral também interveio em outras acusações lançadas pela campanha de Engler. Uma das peças publicitárias do candidato do PL foi retirada por associar Fuad a um contrato de concessão de transporte público municipal em que ele não teve participação, alegação que foi considerada confusa e potencialmente desinformativa.

Fuad assumiu a gestão de Belo Horizonte em março de 2022, após o então prefeito Alexandre Kalil renunciar ao cargo para concorrer ao governo de Minas Gerais — pleito que acabou perdendo para Romeu Zema (Novo) no primeiro turno. No entanto, durante esta campanha, Kalil optou por apoiar Mauro Tramonte, seu antigo aliado, em vez de Fuad, o que abalou a antiga relação de amizade entre os dois.

Além dos desafios políticos, Fuad enfrentou uma batalha pessoal durante a campanha, passando por sessões de quimioterapia para tratar um linfoma não Hodgkin. Duas semanas antes do segundo turno, ele anunciou que havia recebido autorização médica para interromper o tratamento, uma notícia que fortaleceu sua imagem e recebeu apoio dos eleitores, especialmente no momento final da disputa.

 

foto: Júnia Garrido