Na terça-feira, 19 de novembro, o Grupo de Intervenção Estratégica (GIE) Torcidas reuniu representantes de órgãos de segurança pública, clubes de futebol e entidades esportivas para discutir estratégias de enfrentamento à violência dentro e fora dos estádios de Minas Gerais. A reunião destacou os episódios ocorridos na final da Copa do Brasil entre Atlético Mineiro e Flamengo, realizada em 10 de novembro, como ponto de partida para novas medidas.
Participaram do encontro membros do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Polícia Militar, Polícia Civil, Federação Mineira de Futebol (FMF), além de representantes do América, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Arena MRV e estádios Mineirão e Independência.
O GIE definiu quatro ações prioritárias para conter a violência:
Implementação de reconhecimento facial nos estádios.
Criação de um cadastro único de pessoas proibidas de frequentar arenas esportivas.
Rastreabilidade de ingressos destinados a torcidas organizadas.
Elaboração de um protocolo de urgência para situações de conflito.
A promotora de Justiça Paula Ayres, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), destacou a urgência dessas medidas. “Não podemos tolerar em Minas Gerais os comportamentos que vimos na final da Copa do Brasil. Estamos investigando todos os incidentes para identificar falhas e garantir que episódios como esses não se repitam.”
O promotor Marcos Paulo de Souza Miranda ressaltou a importância do reconhecimento facial como ferramenta essencial no combate à violência nos estádios. “Essa tecnologia, prevista na Lei Geral do Esporte, deve ser mais que uma formalidade. Nosso objetivo é utilizá-la como instrumento eficaz de prevenção e repressão à criminalidade.”
Além disso, ele explicou que o sistema de reconhecimento facial poderá ser integrado ao banco nacional de mandados de prisão. Dessa forma, qualquer pessoa com ordem de prisão pendente, mesmo que não esteja proibida de frequentar estádios, poderá ser identificada e detida ao tentar acessar o local.
Outra medida debatida foi a rastreabilidade de ingressos destinados às torcidas organizadas. Segundo Marcos Paulo, esses ingressos frequentemente caem nas mãos de cambistas ou chegam a criminosos que utilizam o acesso para cometer delitos, como furtos de celulares. “Com a rastreabilidade total dos ingressos, será possível reduzir significativamente esses problemas”, afirmou.
O promotor também defendeu a criação de um protocolo padronizado para situações de emergência, visando uma atuação integrada e eficiente das forças de segurança em eventos de grande porte.
Um ponto central das discussões foi a criação de um cadastro público e unificado com informações sobre pessoas proibidas de frequentar estádios por motivos judiciais ou administrativos. “Esse sistema será fundamental para impedir que indivíduos que perturbam a ordem tenham acesso às arenas esportivas. O Tribunal de Justiça já está colaborando para viabilizar essa proposta”, explicou Marcos Paulo.
Durante a reunião, foi revelado que o governo argentino acionou o MPMG para obter informações sobre brasileiros proibidos de frequentar estádios, em preparação para as finais da Conmebol Libertadores e da Copa Sul-Americana. Atlético Mineiro e Cruzeiro, que disputam os torneios, podem enfrentar argentinos nesses jogos. Segundo Marcos Paulo, a demanda reforça a necessidade de profissionalizar e sistematizar o monitoramento de restrições.
O GIE também enfatizou a importância de punir de forma exemplar os envolvidos em crimes relacionados às torcidas organizadas e eventos esportivos. Para isso, as forças de segurança pública irão monitorar sistematicamente os suspeitos de envolvimento em atos violentos, adotando medidas que garantam maior segurança nos estádios.
O grupo, que terá reuniões mensais, pretende implementar as medidas discutidas o mais breve possível. A iniciativa demonstra um esforço conjunto entre clubes, entidades esportivas e autoridades públicas para combater a violência e garantir que os estádios sejam espaços seguros para os torcedores.
Ao final do encontro, Paula Ayres destacou o compromisso do GIE: “Estamos priorizando a integração e a atuação estratégica de todos os envolvidos para devolver a tranquilidade ao futebol mineiro. Minas Gerais não será palco de violência e desordem.”
Foto: Divulgação MPMG