O Ministério de Minas e Energia está avaliando a possibilidade de retomar o horário de verão como uma medida para evitar um possível racionamento de energia, que se aproxima em razão da seca severa que afeta o país. A ideia está sendo considerada como parte das alternativas do governo, que já autorizou o aumento do funcionamento de usinas termelétricas a gás e viu a elevação das tarifas de energia elétrica com o acionamento da bandeira vermelha.
Não há, contudo, uma definição de quando ou se o horário de verão será de fato retomado. “Estamos em fase de avaliação da necessidade do horário de verão. Sabemos que, além da questão energética, ele tem outros impactos, como impulsionar a economia, principalmente no turismo, bares e restaurantes”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Silveira argumenta que o retorno do horário de verão pode ajudar a diminuir a demanda de energia ao final da tarde, um horário crítico para o sistema elétrico, quando a produção de energia solar e eólica diminui, e o consumo aumenta com o fim do expediente de trabalho e o início da noite. “É o momento em que as pessoas chegam em casa, ligam o ar-condicionado, ventiladores, tomam banho e assistem TV, gerando um grande pico de consumo”, explicou o ministro.
Com o horário de verão, o aumento de horas de luz natural pode ajudar a reduzir essa demanda. “Se conseguirmos diluir esse pico com o horário de verão, podemos fortalecer o sistema”, afirmou Silveira.
O horário de verão foi abolido em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Em 2023, durante outra seca, o governo Lula também cogitou o retorno da medida, mas decidiu não a implementar, pois o nível dos reservatórios hídricos ainda era considerado elevado.
Embora a atual seca seja a pior já registrada pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemadem), membros do governo afirmam que a situação dos reservatórios, embora preocupante, não é tão grave quanto a de crises anteriores, como a de 2021. Medidas de retenção de água nos reservatórios adotadas em 2024 ajudaram a manter os níveis acima do registrado em crises passadas.
A seca afeta gravemente o Brasil, especialmente a região Amazônica, onde rios como o Madeira e o Negro atingiram níveis historicamente baixos, impactando comunidades e até a capital Manaus. Durante visita à região Norte, o presidente Lula anunciou a criação de uma autoridade climática e um marco legal para emergências climáticas.
Como resposta à crise, o Ministério de Minas e Energia também aumentou a autorização para o uso de termelétricas em Santa Cruz (RJ), Linhares (ES) e Porto Sergipe (SE).