O advogado Marco Aurélio de Carvalho, do grupo Prerrogativas, disse hoje no UOL Entrevista que considera “espantosa” a possibilidade de o presidente Lula (PT) reconduzir o atual procurador-geral da República, Augusto Aras, para mais um mandato de dois anos.
Marco Aurélio destacou que Aras deixou um “legado” ao acabar com o “estado paralelo” montado pelos procuradores da República que atuavam na Operação Lava Jato em Curitiba (PR), mas que não vê possibilidade de o presidente mantê-lo no comando da PGR.
“Eu acho que é espantosa a possibilidade frente evidentemente ao sinais que ele próprio tem dado para a sociedade de modo geral. Nós não podemos deixar de reconhecer o legado que ele deixou ao desconstruir um estado paralelo que realmente existia, a República de Curitiba. Ele deixou um legado, mas nós temos evidentemente várias críticas à gestão dele, e a gente colocou de forma muito fraterna, de forma muito verdadeira”.
Marco Aurélio de Carvalho, do Prerrogativas
Para o advogado, uma eventual recondução de Aras “ganhou corpo por conta da simpatia de alguns ministros e do senador Jaques Wagner (PT-BA)”. “Não acho com franqueza que o presidente considere fortemente reconduzir o Aras, mas imagino que ele queira ouvir o Aras.”
Carvalho também falou que a próxima pessoa a ocupar o posto terá como desafio “devolver” a PGR ao Estado, pois o órgão foi “capturado por interesses políticos e eleitorais” por ex-procuradores, que “envergonharam” a instituição, a exemplo de Rodrigo Janot e Raquel Dodge, segundo o advogado.
No UOL Entrevista, Marco Aurélio de Carvalho criticou o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa e o responsabilizou por criar no país o “ativismo judicial” que resultou em Sergio Moro e Marcelo Bretas, que ganharam notoriedade por suas atuações nas ações decorrentes da Lava Jato em Curitiba e no Rio de Janeiro, respectivamente.
“Só chegamos a Sergio Moro porque tivemos um ministro como Joaquim Barbosa, que envergonhou a toga, instrumentalizou as ações que estavam sob sua responsabilidade para atingir determinados alvos. Foi quem criou o ativismo judicial que criou figuras como Moro e Bretas”, falou, ressaltando que Barbosa “era na verdade uma figura muito querida pela imprensa”, que “entrava no restaurante as pessoas batiam palma”, um “herói de ocasião que já não é mais notado”.