Em meio a um surto de Covid-19 que levou hospitais a tratar pacientes ao ar livre, a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta sexta-feira (18) o adiamento da eleição para o novo líder do território governado por Pequim, que estava prevista para 27 de março, segundo o South China Morning Post.

Segundo Lam, o pleito passou para 8 de maio. O anúncio vem dois dias após o líder chinês, Xi Jinping, alertar que o combate ao coronavírus deve ser prioridade das autoridades locais.

É a segunda vez que a ex-colônia britânica, devolvida à China em 1997, usa a pandemia como justificativa para adiar eleições. As legislativas, que deveriam ocorrer em setembro de 2020, acabaram realizadas apenas em dezembro de 2021.

Naquela época, o cerco de Pequim sobre Hong Kong aumentava. Os ativistas pró-democracia denunciaram a decisão, tomada em julho de 2020, como uma interferência do governo central da China.

Os democratas esperavam conquistar nas urnas uma maioria histórica no Conselho Legislativo, que era dominado por parlamentares alinhados ao regime de Xi, embalada pelos votos de protesto contra a nova lei de segurança nacional, promulgada por Pequim um mês antes.

A abstenção no pleito, no entanto, foi recorde, após apenas candidatos “patriotas” poderem concorrer. Somente 29,3% dos 4,5 milhões de eleitores aptos a votar compareceram às urnas.

Na época do adiamento das eleições legislativas, o país registrava média móvel de 128 casos e 1 morte. A situação desta vez, porém, é mais grave. A ilha passa pelo seu pior momento da pandemia após a chegada da variante ômicron, no fim do ano passado.

De 23 de janeiro, quando o número de casos registrados começou a subir, e 14 de fevereiro, houve um salto de 1.300% nas infecções diárias -102 para 1.448, número nunca antes visto na pandemia. Isso levou a média móvel dos últimos sete dias na quinta (17) para 609.

Desde segunda, porém, tem havido uma queda, e nesta quinta, foram 461 casos, segundo a plataforma Our World in Data. O governo, por outro lado, divulgou que foram registradas nesta sexta 3.629 infecções, o que irá continuar a puxar a média móvel para cima.

As mortes também chegaram a níveis sem precedentes, apesar de a cifra ainda ser baixa. Nesta quinta, foram 11 óbitos, quase o dobro do pico anterior, com seis mortes, registrado em agosto de 2020.

Os estabelecimentos para quarentena chegaram à sua capacidade máxima, e Lam converteu mais de 20 mil quartos de hotéis para este fim. Já os hospitais têm operado em 95% de sua capacidade, com pacientes, inclusive pessoas mais velhas, recebendo tratamento do lado de fora dos estabelecimentos, sob um clima frio e, às vezes, chuvoso.

A autoridade responsável pelos hospitais disse pretender transferir esses pacientes diante de uma previsão de 10°C nesta sexta.

Fonte: Folhapress


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