Após encerrar o ano com resultado negativo, o desempenho do Ibovespa surpreendeu em janeiro. O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, subiu quase 7% no primeiro mês do ano, chegando a 112.143 pontos.

A alta foi puxada pela entrada de investidores estrangeiros que aproveitaram valores mais atrativos de empresas brasileiras frente às outras bolsas, como a dos Estados Unidos, para aportar. O movimento foi considerado atípico e, devido às incertezas e fatores econômicos, não deve ser mantido por um longo tempo.

O CEO da iHUB Investimentos, Paulo Cunha, explica que alguns fatores impulsionaram os resultados de janeiro na B3, que foi diferente dos registrados em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, que enfrentaram forte realização.

Entre os fatores, Cunha destaca a preocupação quanto à sinalização de alta dos juros que será promovida pelo Fed (o banco central norte-americano) para conter a inflação. O mercado, segundo ele, sempre tem um pouco de medo de alta de juros, principalmente promovidas pelo Fed. Outro fator é o valor mais atrativo das empresas.

“Tínhamos um mercado lá fora que subiu bastante, foi uma alta superior a 20%, então é natural um ajuste. Enquanto aqui, tivemos um mercado muito deprimido, com queda de mais de 10%. Agora, temos no início do ano investidores realizando lá fora e investindo nos mercados emergentes.

Além de a gente ter ficado muito descolado, em termos, ficamos mais ‘baratos’, nos tornamos oportunidade”. Ainda segundo Cunha, a valorização das commodities também favoreceu a bolsa brasileira. Dentre as ações que puxaram estão a Petrobras, bancos e empresas varejistas.

“As commodities estão subindo de preços, principalmente, o petróleo, que impulsiona as ações. O Brasil é grande produtor de commodities e de petróleo, isso ajuda a impulsionar a bolsa”, explicou. Aqui também já estamos com juros altos, quase chegando no topo, e isso também ajuda no ingresso de recursos e a diminuir o preço do dólar. “Com isso, o investidor se sente um pouco mais confortável porque nossa política monetária está mais rígida.

O investidor sente que o dólar não vai sair disparando e impactando o real. Isto dá conforto para o investidor aproveitar preços mais baratos e estar exposto a uma economia produtora de matérias-primas como alimentos, minério de ferro e petróleo”, completou.

Heloise Sanchez, da Equipe de Análise da Terra Investimentos, explica que janeiro foi marcado tanto pela forte desvalorização de 2021, tornando os preços de várias ações bastante atrativos, como também pela forte entrada do investidor estrangeiro, ocasionando tanto a alta do índice Ibovespa como também a queda do dólar de mais de 4%.

Com o maior ingresso do capital estrangeiro, a maior alta foi vista nas ações da própria B3, que valorizou 31,74% no mês. Destaque também para as petrolíferas, que tiveram as ações mais demandadas pela alta do petróleo e possuem grande peso na B3.

“Embora nenhuma ação ligada ao petróleo tenha ocupado os cinco primeiros lugares de destaque de ações que mais valorizaram em janeiro, esse setor acabou se destacando devido às altas do preço do barril por conta das tensões geopolíticas que acontecem tanto na Europa como no Oriente Médio.

A Petrobras, uma dessas empresas, apresenta forte participação no Ibovespa, o que acaba influenciando no índice. A respeito do setor, a PetroRio subiu mais de 15% em janeiro; Petrobras, mais de 10%; 3R Petroleu Óleo e Gás S.A., mais de 11%”, avaliou.

Fonte: Ibovespa