A Polícia Federal (PF) está prestes a concluir o inquérito sobre uma suposta trama golpista que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e militares de alta patente. Apesar da deflagração da Operação Contragolpe nesta terça-feira, os investigadores afirmam que o andamento do caso não será prejudicado, e a expectativa é de que a investigação seja encerrada nos próximos dias.
O inquérito, que já estava avançado, foi prolongado após a revelação de novos fatos, incluindo um plano que veio a público nesta semana. Segundo a investigação, o objetivo era assassinar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Mensagens interceptadas apontam que os envolvidos estavam “prontos para agir”, mas a missão foi abortada antes de ser executada.
Outro elemento que exigiu maior análise foi a possível conexão entre os golpistas e a chamada “Abin paralela”. Parte dessas informações foi obtida por meio da recuperação de mensagens apagadas do celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A PF considera que Cid omitiu informações importantes em seu acordo de delação premiada, que está sendo analisado pela Procuradoria-Geral da República. O ministro Alexandre de Moraes terá a palavra final sobre a validade da colaboração.
Um relatório da Polícia Federal divulgado nesta terça-feira aponta o general da reserva Mario Fernandes, ex-número dois da Secretaria Geral da Presidência, como um dos principais articuladores da tentativa de golpe. Ele teria tentado persuadir o comando do Exército a aderir ao plano e orientado “caminhoneiros e o pessoal do agro” em acampamentos em frente ao Quartel General do Exército, além de discutir o plano diretamente com Bolsonaro.
De acordo com fontes, o ex-presidente Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto, o deputado Alexandre Ramagem (ex-chefe da Abin) e outros aliados devem ser indiciados. As acusações incluem crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Além deste inquérito, há outras duas investigações envolvendo Bolsonaro próximas de serem concluídas: a que apura o caso da “Abin paralela” e outra sobre disseminação de fake news. Segundo a PF, todas essas apurações compartilham uma tese central: o uso da máquina estatal pelo governo Bolsonaro para obter “vantagens indevidas de ordem política e econômica”. O ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos no Supremo Tribunal Federal, autorizou o compartilhamento de provas entre as investigações.
O desfecho desses casos pode marcar um ponto de inflexão no enfrentamento às ações que colocaram em risco a democracia brasileira.
Com informações do O Globo.
Foto: Aline Massuca