Em encontro com agricultores familiares nesta terça-feira (23), em Belo Horizonte, o candidato a governador de Minas, Alexandre Kalil (PSD), defendeu que o governo estadual adote medidas para apoiar o setor, que, segundo ele, está abandonado pelo governador Romeu Zema (Novo).
O evento foi organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg) e, apesar de ter sido realizado na capital, contou com a participação de representantes de diversas regiões de Minas Gerais.
Estudo publicado em 2021 pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) com base em dados do Censo Agropecuário de 2017 aponta que 72,7% dos estabelecimentos rurais de Minas Gerais são propriedade de agricultores familiares. Eles ocupam 26,2% da área total explorada pela agropecuária no Estado.
O setor emprega cerca de 1 milhão de trabalhadores em Minas. De acordo com dados do Cadastro Único do Governo Federal citados pela UFV, em fevereiro de 2021 havia 20 mil famílias de agricultores familiares que vivem em situação de extrema pobreza, o que significa renda familiar per capta inferior a R$ 89.
“A agricultura familiar tem que ser apoiada. Não é invasão, não é nada. É o trabalhador que está estabelecido na terra e precisa de apoio. No Norte de Minas cortaram o programa Leite para Todos. Eram 150 mil litros de leite distribuídos para crianças”, disse Kalil, em referência ao programa do governo estadual que compra a produção da agropecuária familiar e a distribui para famílias de baixa renda em regiões do Estado com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
De acordo com uma publicação da Associação Mineira de Municípios (AMM), o governo Zema suspendeu o programa, então chamado de “Leite pela Vida”, em 2019, para avaliar a melhor forma de aplicar os recursos federais e estaduais.
A iniciativa foi retomada em abril do ano passado com o nome “Leite Novo”, mas apenas em dez cidades da área atendida pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene).
Segundo a AMM, o Idene indicou que o programa poderia ser expandido para 134 cidades se houvesse disponibilização de mais recursos.
A publicação da AMM é de abril de 2021, quando o programa foi retomado. A reportagem perguntou ao governo de Minas quantas cidades são atendidas atualmente pelo programa e se houve novas interrupções, mas ainda não obteve resposta.
Segundo Kalil, é preciso providenciar estradas para escoar a produção da agricultura familiar, energia elétrica e também criar cursos técnicos no interior do Estado.
“O adolescente não tem mais que vir estudar na cidade. Ele tem que estudar lá mesmo (no campo), o assunto dele. Temos que levar tecnologia para esse povo, porque esse pessoal não vai precisar eternamente (de apoio)”, afirmou o candidato a governador.