O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu há dez dias formar uma comissão especial para discutir o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro, mas ainda não oficializou o grupo. No último dia 28, ele retirou o projeto da CCJ, onde estava prestes a ser votado, para criar um novo colegiado, adiando o início dos debates.
A criação dessa comissão exige que Lira solicite indicações de líderes partidários para compor o grupo de 34 membros titulares e 34 suplentes. Só após mais da metade das vagas preenchidas, ele poderá instalar a comissão e eleger seu presidente. O colegiado terá até 40 sessões para debater o tema antes de enviá-lo ao plenário.
Lira busca apoio do PT e do PL, os maiores partidos da Câmara, para apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB) em sua sucessão. Enquanto o PL exige avanço no projeto, o PT resiste à sua votação. Aliados de Lira dizem que ele tem priorizado outras negociações, como apoio para seu candidato e a votação das emendas parlamentares.
A decisão de Lira é vista com desconfiança pelo PT, que teme que o projeto avance e ganhe força entre bolsonaristas. A presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), reforça que a anistia segue como prioridade e acredita na aprovação. Deputados bolsonaristas apostam que a eleição de Donald Trump nos EUA trará pressão adicional para que o Congresso avance no tema, incluindo potencial anistia ao ex-presidente Bolsonaro.
Enquanto Hugo Motta evita se posicionar sobre o assunto, buscando apoio amplo para sua candidatura, ele afirma que o trabalho da comissão deve começar em breve com “serenidade” e debate responsável sobre o tema.
Foto: Saulo Cruz/Agência Senado