Um gigante dos mares com 71,62 metros de comprimento, 6,2 de diâmetro, 15 metros de altura, que pode pode transportar até 35 pessoas e que será equipado com 6 tubos de armas capazes de lançar torpedos, mísseis antinavio e minas. Esse é o Submarino Tonelero, embarcação fabricada inteiramente no Brasil pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub) e que foi batizado e lançado ao mar na manhã desta quarta-feira (27/3).

A cerimônia realizada no Complexo Naval de Itaguaí (RJ) teve a participação dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron. O ProSub é resultado da parceria estratégica entre Brasil e França, firmada em 2008, cujo orçamento gira em torno de R$ 40 bilhões.

O Tonelero é o quinto submarino da frota brasileira e o terceiro com propulsão diesel-elétrica construído totalmente no Brasil. A embarcação tem capacidade para deslocar 1.870 toneladas e pode ficar em operação por até 70 dias. O equipamento pode superar a profundidade de 250 metros e atingir uma velocidade máxima de 37 km/h.

A primeira-dama brasileira, Janja Lula da Silva, foi a madrinha de batismo do novo submarino da Marinha do Brasil, que contribuirá para a defesa da costa brasileira, chamada de Amazônia Azul. O ato marca a conclusão do terceiro Submarino Convencional com Propulsão Diesel-Elétrica. Antes dele foram entregues o Humaitá e o Riachuelo. Ainda estão previstas a entrega de mais um submarino convencional, o Angostura, e a fabricação do submarino brasileiro com propulsão nuclear: o Álvaro Alberto.

Equipados com sensores modernos, mísseis e torpedos, os submarinos construídos no âmbito do ProSub, possuem alta capacidade dissuasória por serem armas letais de difícil localização quando submersos. A possibilidade da presença de submarinos em uma área marítima obriga qualquer força naval oponente a mobilizar muitos meios e esforços para a localização e o combate a essas embarcações.

O projeto do Tonelero incorpora a modernidade das embarcações francesas da classe Scorpène, com adaptações e incrementos para atender às necessidades específicas das operações da Marinha. Maior que o modelo francês, o Tonelero tem mais de 71 metros de comprimento e possui deslocamento submerso de 1,8 mil toneladas. Após ser colocado na água, o Tonelero vai dar início ao processo de testes para avaliar as condições de estabilidade no mar e os sistemas de navegação e de combate.

Parceria Brasil e França

O presidente Lula destacou a parceria entre brasileiros e franceses. “O que está acontecendo hoje é resultado da caminhada que completa no próximo ano, 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França”, ressaltou Lula.

O presidente lembrou que o país conta com 5 milhões e 700 mil quilômetros quadrados, sendo que 95% do comércio exterior brasileiro transita pelo Atlântico Sul, onde existem recursos naturais e biodiversidade ainda inexplorados, por isso a importância de proteger toda essa área.

Da Amazônia Azul, retiramos 85% do petróleo, 75% do gás natural e 45% do pescado produzido no nosso País. A proteção desse patrimônio natural e a manutenção do Atlântico Sul como zona de paz e cooperação são vertentes centrais da política externa brasileira. Ao longo dos últimos 150 anos, esses objetivos nacionais se tornaram realidade com o apoio francês”, frisou Lula.

Lula lembrou, ainda, que vários dos navios da Marinha do Brasil foram construídos na França, como o primeiro navio encouraçado, recebido em 1865 e o porta-aviões São Paulo, que esteve em serviço entre 2000 a 2014.

Hoje, com o complexo instalado aqui, na Baía de Sepetiba, o Brasil se posiciona dentre um pequeno grupo de países que domina a construção de submarinos. O Prosub é o maior e mais importante projeto de cooperação internacional de defesa do Brasil. Ele garante a nossa soberania no nosso litoral, fortalece a indústria naval com geração de emprego e renda e promove o desenvolvimento do setor com muita inovação”, avaliou Lula.

O presidente francês disse que o complexo de submarino em Itaguaí é uma vitória do Brasil por ser um dos mais modernos do mundo e o único do hemisfério sul. “Este terceiro submarino é o testemunho muito completo daquilo que os nossos dois países são capazes de realizar juntos numa verdadeira parceria estratégica”, disse Macron.

Essa parceria representa para a França uma transferência inigualada de tecnologia. Jamais compartilhamos tanto o nosso know hall do que com o Brasil e temos muito orgulho em tê-lo feito”, completou. Macron também demonstrou disposição em firmar parcerias com o Brasil em outras áreas, como helicópteros e satélites.

O ministro da Defesa, José Múcio, também ressaltou a importância que o lançamento do submarino representa para o Brasil. “Os investimentos estratégicos de nossas Forças Armadas vão muito além do entendimento de excelência para a defesa da pátria. Estamos falando da geração de empregos de alta qualificação, aumento de renda e de arrecadação. O lançamento ao mar do Submarino Tonelero, o terceiro da classe Riachuelo, não é uma entrega à Marinha brasileira, é uma entrega do Estado à sociedade brtasileira”, ressaltou Múcio.

O Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, disse que a parceria do Brasil com a França vai elevar o patamar de defesa do país com a construção do submarino a propulsão nuclear. “A obtenção do submarino com propulsão nuclear, maior ativo da defesa nacional, representará incremento diferenciado à capacidade de dissuasão, fortalecerá a segurança e soberania nacional e permitirá ao Brasil alcançar estatura político-estratégica compatível”, afirmou.

Programa de Desenvolvimento de Submarinos

Estruturado como um programa de desenvolvimento científico e tecnológico, o ProSub integra capacitação de mão de obra especializada e incentivo à indústria brasileira, uma vez que prioriza a aquisição de componentes fabricados no país. Além de representar um dos maiores programas estratégicos da Defesa, o ProSub tem impacto significativo na economia, com geração de mais de 60 mil empregos diretos e indiretos e envolvimento de 700 empresas.

O programa tem como meta, além da fabricação do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear (SCPN), a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos, que engloba estaleiros, a Base Naval e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) no município de Itaguaí (RJ). O estaleiro de construção foi inaugurado em fevereiro de 2018.

Em função da transferência de tecnologia entre os países envolvidos, o Brasil terá a capacidade de projetar, construir, operar e manter seus próprios submarinos convencionais e com propulsão nuclear. O impacto na tecnologia, proporcionado pelo desenvolvimento e aprimoramento das inovações embarcadas no submarino, estimulará não só a área de Defesa, mas também setores nacionais civis nos campos de Ciência, Tecnologia e Inovação.


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