Em um encontro no Palácio da Alvorada, em Brasília, nesta quarta-feira (20), os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping assinaram 37 acordos que fortalecem a parceria entre Brasil e China. As áreas contempladas incluem agricultura, tecnologia, infraestrutura, energia, saúde, cultura, e desenvolvimento sustentável. Contudo, o Brasil optou por não aderir integralmente à Nova Rota da Seda, o trilionário programa chinês de investimentos globais, conhecido como Cinturão e Rota.
Durante a cerimônia, Lula ressaltou o pioneirismo da relação Brasil-China e o compromisso de construir uma parceria estratégica global com um “futuro compartilhado”. Ele destacou áreas prioritárias para a cooperação nos próximos 50 anos, como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital e preservação ambiental.
“A parceria estratégica global com a China é essencial para construirmos um mundo mais justo e sustentável. Juntos, definimos estratégias conjuntas para transformar nosso futuro,” afirmou Lula. Entre os principais acordos está a abertura de mercado chinês para novos produtos agrícolas brasileiros e projetos de intercâmbio tecnológico.
Embora tenha firmado protocolos de “sinergia” entre os programas brasileiros e a Nova Rota da Seda, o Brasil não aderiu integralmente à iniciativa chinesa. O Itamaraty considerou que a adesão não traria benefícios concretos, destacando o respeito à tradição diplomática brasileira e o cenário internacional atual.
Os protocolos de cooperação buscarão alinhar o Cinturão e Rota com os programas brasileiros, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano Nova Indústria Brasil, o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana.
Para dar concretude a essa parceria, uma força-tarefa será criada, com o objetivo de apresentar projetos prioritários em até dois meses. Entre os temas centrais, estão desenvolvimento produtivo, financiamento sustentável e preservação ambiental.
Lula destacou que Brasil e China compartilham a visão de um sistema internacional mais justo e sustentável. Os dois países defendem a diplomacia como caminho para a paz, exemplificado pelo alinhamento em relação à crise na Ucrânia. “Sem paz, não será possível enfrentar crises globais, como a climática. Diplomacia e diálogo devem estar em primeiro lugar”, reforçou.
O presidente também ressaltou o papel da China na Aliança Global contra a Fome, liderada pelo Brasil no G20. A iniciativa visa combater a fome que afeta 733 milhões de pessoas no mundo. A China foi um dos primeiros parceiros a apoiar a proposta.
Outro destaque foi o interesse chinês pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre, criado pelo Brasil para financiar a preservação dos biomas tropicais. “Essa parceria demonstra que há alternativas viáveis para conciliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade,” concluiu Lula.
O encontro consolidou a parceria estratégica entre os dois países, reafirmando a China como principal parceiro comercial do Brasil, enquanto busca fortalecer projetos bilaterais em áreas essenciais para o desenvolvimento e preservação ambiental.
Foto: Ricardo Stuckert/PR