O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou neste domingo (17), em Buenos Aires, que o país não apoiará o tratado de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul em sua forma atual. Durante coletiva no aeroporto da capital argentina, antes de seguir para o Brasil e participar da cúpula do G20, Macron afirmou: “A França é contra este acordo”.
A declaração ocorreu após reuniões com o presidente argentino, Javier Milei, que, segundo Macron, também teria demonstrado insatisfação com o tratado. “O presidente Milei me disse que não estava satisfeito com o texto. Para a Argentina, o acordo seria muito ruim para sua reindustrialização, e, no caso da França, seria prejudicial para a agricultura”, destacou o líder francês.
Macron enfatizou que o pré-acordo negociado ao longo de décadas não atende aos critérios franceses. Ele também criticou a desigualdade de exigências impostas aos agricultores locais e aos produtos importados. “Não podemos pedir aos nossos agricultores que mudem suas práticas, adotem padrões mais elevados de qualidade, e, ao mesmo tempo, abrir o mercado para produtos que não seguem os mesmos critérios”, disse Macron, reforçando seu compromisso em proteger a agricultura francesa.
Embora países como Alemanha e Espanha pressionem para que o tratado seja assinado até o fim do ano, Macron expressou confiança de que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, respeitará a posição francesa. “Não acredito que a Comissão Europeia ignore nossa posição”, afirmou.
A oposição ao acordo mobiliza agricultores franceses, que planejam protestos a partir desta segunda-feira (18). Eles alegam que o tratado coloca em risco a competitividade do setor agrícola europeu diante das importações provenientes do Mercosul.
A rejeição da França ao tratado reforça as divergências internas na União Europeia sobre o equilíbrio entre comércio, sustentabilidade e proteção dos setores locais.