O Brasil é um misto cultural que tem de Eduardo Kobra a Tarsila do Amaral. De Zeca Baleiro, Ney Matogrosso e o maestro João Carlos Martins ao DJ 900, que canta funk.

A palavra cultura frequentemente é usada como sinônimo de erudição e refinamento. Quase um álibi usado por quem rejeita manifestações populares.

Existe uma tendência de parte das elites de só valorizar a alta cultura, e, por outro lado, quando se cria uma nação, é preciso inventar um povo — que é representado por aquilo que é popular”, explicou Ruben Oliven, doutor em ciências sociais pela Universidade de Londres e professor titular do Departamento de Antropologia da UFRGS.

Segundo ele, “a cultura brasileira começou a tomar força na década de 1930, quando se cria a ideia da brasilidade. Uma cultura adequada aos trópicos, uma cultura mestiça”.

Ney Matogrosso analisa que o momento é diferente. “A música tem uma coisa a favor dela: ela atravessa as pessoas, entra pelos nossos ouvidos e arrebata ou não. Cultura é liberdade, é expressão livre”, disse.

Para Vinicius Mariano de Carvalho, doutor em Literatura pela Universidade de Passau (na Alemanha), o cidadão comum, independentemente de sua profissão, é tão responsável, quando um músico ou pintor, pela construção da cultura.

A nossa cultura também é reflexo das diferenças sociais, das diferenças étnicas, dos preconceitos históricos”, avaliou.


Avatar