O mercado livre de energia elétrica está se transformando para oferecer soluções tecnológicas que permitam ao consumidor ter maior controle sobre seu consumo, indo além do tradicional modelo de vendas em atacado. Essa é a visão de Eduardo Miranda, CEO da comercializadora Tyr Energia. Para ele, o pós-venda é crucial para proporcionar ao cliente uma experiência diferenciada em comparação ao mercado cativo, onde não há tanto acesso a informações detalhadas. “Varejo significa tecnologia”, afirma Miranda, destacando a importância de fornecer dados que antes não eram acessíveis aos consumidores, possibilitando medidas mais eficientes de uso de energia.

Miranda enfatiza que, ao empoderar o cliente com ferramentas de análise de consumo, ele pode tomar decisões informadas para reduzir o gasto energético. Sem a medição digital, argumenta o CEO, o conceito de varejo no setor de energia não se sustenta. Além disso, a flexibilidade contratual é um elemento-chave no processo de empoderamento dos consumidores.

No mercado livre, os clientes têm a liberdade de negociar diretamente com geradoras ou comercializadoras de energia, deixando de depender exclusivamente da distribuidora local. Isso pode resultar em economias significativas, com descontos de até 35% nas contas de luz para empresas e 20% para consumidores individuais.

A Tyr Energia, uma investida do grupo Mercurio Partners, entrou no mercado de comercialização em 2018, focando em grandes geradores e utilizando tecnologia de medição digital desenvolvida pela GreenAnt. A empresa começou agregando consumidores em um mesmo condomínio para atingir o volume mínimo necessário para migrar para o mercado livre. Hoje, oferece um software que mede o consumo de energia de forma integrada para o edifício, mas fornece a cada cliente um boleto individual, além de um aplicativo com análises em tempo real.

Esse aplicativo, com tecnologia de inteligência artificial, permite que os consumidores compreendam melhor suas faturas, baixem dados de consumo e façam pagamentos, além de identificar áreas específicas de consumo, como uma ala de hospital, por exemplo. “Isso aprimora ainda mais o conhecimento sobre a conta, permitindo que o cliente tome medidas para economizar energia”, explica Miranda.

A Tyr começou sua operação no Rio de Janeiro e hoje atende cerca de 400 unidades consumidoras, concentradas principalmente nesse estado. Segundo Miranda, a personalização no atendimento e o foco na tecnologia ajudaram a conquistar a confiança dos clientes locais. No entanto, a empresa já está em expansão, tendo aberto um escritório no Ceará em junho, com planos de crescer na região Nordeste, reconhecida por sua vanguarda no setor de energias renováveis.

O mercado livre de energia no Brasil, atualmente acessível apenas para consumidores de média e alta tensão, deve se abrir para todos nos próximos anos, conforme indicam discussões no Ministério de Minas e Energia (MME). A Tyr Energia está se preparando para esse cenário, com estratégias de comunicação para alcançar consumidores menores e novos investimentos em tecnologia para reduzir os custos de aquisição de clientes.

Miranda ressalta a importância de que a abertura do mercado respeite as discussões e experiências acumuladas ao longo dos anos, especialmente em questões de concorrência com grandes grupos de distribuição. “O consumidor final deve estar no centro das decisões. Todos nós, varejistas, empresários, geradores, comercializadores, distribuidores, devemos colocar o consumidor em primeiro lugar”, afirma.

Além disso, a Tyr está avaliando a possibilidade de entrar no mercado de comercialização de gás natural. Após a venda da MGás para a J&F, a empresa considera criar uma nova comercializadora para atuar nesse setor, que ainda é menos desenvolvido que o de energia elétrica no Brasil, mas apresenta sinergias interessantes, segundo Miranda.


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