O Ministério da Saúde deve receber as primeiras vacinas para varíola dos macacos (ou monkeypox) em setembro. De acordo com a pasta, o cronograma preliminar prevê a entrega de pouco mais de 20 mil doses na primeira remessa e, depois, em novembro, o restante até completar as 50 mil doses encomendadas pela pasta. Os imunizantes serão destinados a profissionais de saúde e a contactantes de pacientes com a doença.

A pasta pretende lançar ainda em agosto uma campanha publicitária para conscientização sobre a doença. As peças devem ser veiculadas nas redes sociais e nos meios de comunicação.
O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou, no entanto, que não está “escrevendo na pedra” o cronograma, que pode ser alterado a depender da disponibilidade de entrega. A negociação para aquisição das vacinas é feita por meio do fundo rotatório da Organização Panamericana de Saúde (Opas), representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas.

De acordo com o ministério da saúde, até o momento, 95% dos casos da doença no Brasil foram registrados em homens que fazem sexo com homens. O perfil epidemiológico segue o que tem sido identificado em todo o mundo. Medeiros explicou, porém, que isso não quer dizer que essas pessoas sejam grupo de risco para a doença. Ele defendeu que não haja estigmatização deste público.

— É fundamental não estigmatizarmos, porque a principal forma de transmissão é através de contato pele com pele. O Ministério da Saúde é totalmente contrário a qualquer forma de estigmatização — disse Medeiros.

Dados do último boletim da pasta mostram que há 1176 casos confirmados da doença no Brasil e outros 513 casos suspeitos. Mais cedo, o ministério confirmou a primeira morte de paciente com varíola dos macacos no Brasil. Segundo a nota oficial, o homem de 41 anos tinha histórico de comorbidades e passava por quimioterapia para tratar um linfoma, que é câncer no sistema linfático.

O Brasil tem vivido uma explosão de casos de varíola dos macacos nas últimas semanas. Após repercussão negativa acerca da condução do combate à doença, com a falta de ações coordenadas, o Ministério da Saúde anunciou a criação de um comitê sobre o tema na última quinta-feira. A primeira reunião do grupo ocorreu nesta sexta-feira.

— Gostaríamos de tranquilizar toda população de que a monkeypox é uma doença viral de baixíssima letalidade. As últimas informações da OMS temos cerca de 20 mil casos e apenas 5 óbitos. Diferentemente da Covid, a transmissão se dá apenas por contato direto em feridas infecciosas e fluidos corporais. O Ministério da Saúde tem monitorado de forma diuturna o comportamento do vírus — afirmou o secretário-executivo da pasta, Daniel Pereira.

No início de julho, a pasta desmobilizou a sala de situação criada para monitorar a doença no país, medida que foi amplamente criticada. O Ministério da Saúde argumentou que a decisão foi tomada porque a estratégia de combate à doença foi incorporada à rotina da pasta.

No sábado passado, a OMS declarou emergência de saúde pública internacional em decorrência da disseminação da doença. Segundo o órgão, há casos da doença em pelo menos 76 países no mundo. Foram registradas até esta sexta 19.143 ocorrências de varíola dos macacos em todo planeta. A doença é endêmica da África, mas desde maio, quando foi registrado um caso no Reino Unido, ela tem se espalhado por outros continentes.