Por Leonardo Martins

O pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) negou nesta sexta-feira (18) que tenha travado um embate público com a Polícia Federal, mas afirmou que “houve queda na qualidade” da corporação e que, atualmente, o “combate à corrupção no país está estacionado”.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública comentou a troca de críticas entre ele e a PF durante conversa com jornalistas após um debate com os pré-candidatos ao Planalto Simone Tebet (MDB) e Luiz Felipe d’Avila (Novo). Os políticos participaram de um evento organizado pelo grupo empresarial Lide, em um hotel da zona sul de São Paulo.

Em nota oficial, nesta semana, a corporação rebateu as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça de que o órgão não tem atuado para combater a corrupção no país e que isso seria um resultado direto das nomeações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em postos-chave da PF, com a troca de superintendentes.

Questionado pela reportagem, Moro atribuiu apenas ao diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, as críticas abertas que recebeu. Para Moro, “houve uma tentativa do diretor da Polícia Federal de interferir no debate eleitoral”. “Meu embate não é com a instituição”, reafirmou.

“O que existe, assim, é um fato que é inegável de que o combate à corrupção hoje no país está estacionado”, criticou Moro.

“Houve uma queda de qualidade. Eu duvido que você consiga lembrar um nome de uma pessoa relevante que foi investigada e presa por corrupção em 2021. Quando eu falo isso é que a gente valorizar a Polícia Federal”, concluiu o ex-juiz, que disse ter respeito por todos os servidores do órgão.

Moro saiu do governo Bolsonaro em abril de 2020, após o presidente ter demitido o então diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo. Moro chegou a acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para ter informações de inquéritos do órgão.

A reportagem procurou a Polícia Federal, e o texto será atualizado caso um posicionamento seja enviado.

CRÍTICAS A LULA E BOLSONARO

O presidente Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram os alvos das críticas nos discursos dos pré-candidatos que se veem como “terceira via” na disputa ao Planalto.

No evento desta sexta, os pré-candidatos citaram supostos casos de corrupção da gestão de Lula e atacaram Bolsonaro usando termos como “populista”, “incontrolável” e “negacionista”.

Foi um “almoço-debate” para os empresários do grupo Lide -que tem o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) como um dos fundadores do grupo empresarial. Mas ele não compareceu. Quem apresentou o evento foi seu filho, João Doria Neto.

As críticas mais ácidas vieram do ex-juiz Sergio Moro e de D’Avila, que é cientista político. Tebet, senadora pelo MDB, não deixou de dar opiniões contra o petista e o capitão reformado, mas as fez de forma mais amena.

Ela centrou suas considerações na ideia de uma união de candidaturas como alternativa a Lula e Bolsonaro. “Não podemos continuar com esse radicalismo. Nós entendemos de política para saber que o centro, lá na frente, tem de caminhar junto. O Brasil é governado por alguém incontrolável, que flerta com regimes autoritários e faz discursos de ódio”, disse.

Já Moro abriu sua fala avisando aos convidados que faria críticas. “Temos que parar com essa história de que a eleição está dada porque começamos a ver isso se concretizar. Temos vários meses até outubro. Tenho visto uma insatisfação entre esses dois extremos.”

Para o ex-juiz, a candidatura de Lula é “baseada numa mentira” e Bolsonaro é um “governo que não deu certo”.

Moro criticou os ministros do Supremo Tribunal Federal pela anulação das condenações de Lula, ao ser questionado sobre como seria sua relação com a Corte.

“Tenho um respeito institucional pelo Supremo, que tem ótimos ministros. Mas essa anulação da condenação do presidente Lula é um baita erro judiciário. [Anular o processo] com base numa fantasia? Por que foi perseguido? Foi escondida alguma prova? Fraudada alguma prova?”, questionou Moro, que foi aplaudido pelos empresários.

D’Avila também desaprovou Lula e Bolsonaro ao longo de seu discurso, chamando-os de populistas. “Temos que destruir o populismo no Brasil. Não tem como o Brasil crescer de forma sustentável com o populismo”, afirmou.

Para os três candidatos, a ideia é seguir em campanha separadas, por enquanto. Mas, antes do primeiro turno, eles defendem que as candidaturas de centro se unam em torno de apenas um nome, para não dividir votos e conseguir chegar ao segundo turno.

Fonte: Folhapress


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